sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Apolo

'Apolo", de Ísis Broken e Tainá Müller (2025) Documentário lgbt premiado no Festival do Rio 2025, como melhor documentário e melhor trilha sonora, "Apolo" é uma história de luta de um casal transgênero por dignidade para o filho que irá nascer. A história aconteceu durante a pandemia de Covid. Lourenzo Gabriel é um homem trans, e Isis Broken, co-diretora do filme, é uma mulher trans. Lourenzo está grávido e serão pais de Apolo. Os dois se conheceram durante a pandemia, em um aplicativo. Lourenço é rapper em São Paulo. Ísis é cantora em Sergipe. Acabaram se conhecendo online e na primeira oportnidade, Ísis se mudou para São Paulo. O filme é dedicado a APolo, e é um testatamento narrado pelos pais, para que Apolo, no futuro, entenda toda a luta que seus pais sofreram para encontrar um hospital maternidade que aceitasse uma gravidez de um casal trans, revelando a transfobia não somente dos médicos e enfermeiros, como de amigos e familiares do casal. Realizado com sensibilidade, "Apolo" é um filme em sua natureza de tema comovente. As histórias de ísis e Lourenço são facilmente identificáveis pelo espectador, que torce para que a gravidez ocorra nas melhors condições possíveis.

Delírio sangrento

"Color me blood red", de Herschell Gordon Lewis (1965) Um cult trash de 1965, "Delírio sangrento" encerra a trilogia escrita e dirigida pelo cineasta Herschell Gordon Lewis, iniciada com "Blood Feast" (1963) e "Two Thousand Maniacs!" (1964). O diretor Herschell Gordon Lewis citou "Um balde de sangue" (1959), de Roger Corman, como a principal inspiração para "Delírio sangrento". A premissa do filme é divertida e instigante: um artista plástico arrogante, Adam Sorg (Gordon Oas-Heim), tem suas obras criticadas por críticos de arte, que dizem que ele pinta sem alma, sem o uso adequado das cores. Quando sua namorada Gigi se corta em um acidente, o sangue dela escorre na tela. Ao ver o vermelho do snague, Adam tem uma epifania e acredita ter encontrado a cor perfeita para os seus quadros. Ele acaba matando gigi e usa seu sangue na pintura. Precisando de mais sangue, ele sai matando banhistas na praia próxima à sua casa. Se essa história estivesse nas mãos de Dario Aagento, certamente seria um clássico. Infelizmente, o filme ficou arrastado, monótono, com uma duração que certamente poderia ter sido enxugada em mais de meia hora. As cenas de violência são toscas, e dependendo do mood do espectador, poderá até se divertir.

Pose

"Turn Up the Sun!", de Jamie Adams (2025) Incialmente chamado de "Turn up the sun!", e que depois mudou para 'Pose", o filme,e scrito e dirigido por Jamie Adams, tem como maior atração, a presença do ator James McAvoy. Aliás, um dos maiores motivos, ou talve zo único motivo de se ver o filme, é a sua presença em cena em alta voltagem erótica: semi-nú, sexy e arrebatador em sua beleza madura. O filme em si tem uma história confusa e elenco mal aproveitado. A sinopse me fez lembrar do filme americano de Marco Pigossi, "Bone lake", onde ele e sua namorada alugam uma cabana afastada para descansarem e acabam decsobrindo que a mesma cabana foi alugada para um outro casal, e decidem ficar os 4 juntos, o que gera tensão e suspense. Infelizmente, o suspense em "Pose" é nulo, e o que poderia ter sido um ótimo thriller, vira apenas um filme monótono, onde todos os diálogos foram improvisados, o que explica o roteiro desconexo e o ritmo vacilante. Os outros atores fazem o que podem em seus imrpovisos, emprestando apenas a beleza para os personagens. Lucas Bravo também tem sua sensualidade exposta pelas câmeras do filme, rivalizando na atenção do espectador em ecnas levemente homoeróticas. Thomas Alexander (James McAvoy), um famoso fotógrafo, mora em uma mansão do século XIX. A agente artística Dolly (Leila Farzad) – que já foi amante de Thomas – alugou a mansão para que sua cliente, a cantora pop Patricia (Aisling Franciosi), e o namorado fotógrafo de Patricia, Peter (Lucas Bravo), possam fotografar a capa do último álbum de Patricia. Peter é fã do trabalho de Thomas. Thomas, para surpresa de todos, está na mansão, junto de sua nova namorada. Todos irão conviver os dias seguintes envolvidos em sedução e mistérios acerca do que Thomas deseja. Não teve jeito, o filme é muito pedante e pretencioso. O que se salva são as presenças de MacAvoy e Bravo e a bela fotografia de Jan Vrhovnik.

O guerreiro silencioso

"Valhalla Rising", de Nicolas Winding Refn (2009) 2 anos antes de sua obra-prima "Drive", o cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn lançou "O guerreiro silencioso", filmado na Escócia. O filme de Robert Eggars, "O homem do norte", de 2002, com Alexander Skasgard, certamente buscou muitas referências aqui nesse filme de 2009, protagonizado pelo dinamarquês Mads Mikkelsen. O filme se passa a 1000 d.C. Durante anos, um guerreiro mudo de força sobrenatural chamado One-Eye (Mads Mikkelsen), foi mantido prisioneiro. Ele é chamado assim pois tem um olho ferido e cicatrizado. Ele é levado pelos seu tutores para batalhas sangrentas, e sempre ganha. Um dia, ele decide matar seus donos. Quando vai embora, um menino ((Maarten Stevenson)), que tinha a missão de lhe dar água e comida, o segue em sua caminhada. Eles encontram um grupo de guerreiros cristãos que os convencem de juntarem-se a eles numa jornada até Jerusalém, sob a promessa de farturas e riquezas. Mas a viagem de barco é longa e eles só encontram nevoeiro, o que deixa os homens em estado de alucinação. Ao chegarem em uma terra, acreditam ser Jerusalém, mas na verdade, é o Mundo novo, com nativos selvagens à espreita. Como nos filmes de Nicolas Winding Refn, a violência é extrema, repleta de decapitações, cabeças arrebentadas e barrigas abertas. A fotografia de Morten Søborg, em tons cinzentos, ajuda a dar um tom de desolação e pesadelo. De ritmo lento e quase sme diálogos "o personagem de Mikkelsen não fala em momento algum), "O guerreiro silencioso" é um projeto ousado e arriscado, que irá agradar mais aos fãs da filmografia de Nicolas, do que espectadores afoitos por violência brutal.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Coragem

'Coraje", de Rubén Rojo Aura (2022) Premiado drama mexicano que traz uma história que renderia uma excelente peça de teatro com 2 atores: uma mulher de 60/70 anos, e um ator na faixa dos 35/40 anos, mãe e filho. Co-produzido por México e Espanha, o filme traz a veterana atriz mexicana Marta Aura, falecida aos 79 anos por pneumonia. O roteiro mescla ficção e realidade: o diretor e roteirista Rubén Rojo AUra é filho da atriz Marta Aura, que protagoniza o filme. O personagem do filho de Alma é alter ego de Rubén, e se chama Alejandro (Simón Guevara, também filho real de Marta). Alma é uma atriz de 76 anos, que enfrenta os desafios da velhice, incluindo a perda progressiva da visão devido à degeneração macular, enquanto lida com as exigências de sua carreira de atriz. Enquanto isso, seu filho mais velho, Alejandro (Simón Guevara), retorna para casa após anos em Madri, buscando redenção depois de lutar contra o alcoolismo. Ela irá encenar a versão teatral de "Mãe coragem e os seus filhos", de Bertolt Brecht e Margarete Steffin, em uma metalinguagem mesclando vida real e da obra fictícia. O filme tem material dramatúrgico bastante comovente. Testemunhar a batalha da atriz Marta Aura, representado pela personagem Alma, e entender que são a mesma pessoa, é de doer o coração. É um filme intimista e bastante melancólico. A reconexão mãe e filho em um momento delicado da vida da mãe é motivo para muitas lágrimas.

Hunted- gay and afraid

"Hunted- gay and afraid", de Liz MacKean (2015) Documentário produzido pela Chanel 4 dentro do programa 'Dispatches". O filme faz um alerta sobre o crescimento de grupos de extrema direita que financiam palestras e congressos, apoiados pela igreja, onde têm o foco à família. Esses grupos apoiam uma nova onda de legislação anti-gay em todo o mundo, incluindo o "Congresso Mundial das Famílias" dos Estados Unidos e que acontece em diversos países no mundo, como África, Rússia. O congressista Bobby Brown é uma das figuras centrais nessa luta contra a comunidade lgbt, apoiado por cristãos. Apresentado pela inglesa Liz Mackean, ela faz um relatório onde investiga Bobby Brown e outros congressistas, que pressionam governos europeus e africanos para ajudar a aprovar leis que restringem os direitos de indívíduos lgbt, além de promover ativamente a violência contra gays em todo o mundo. em uma cena brutal, gravada por um dos particiantes, um jovem gay russo vai até um encontro marcado por app e descobre na hira que é uma armadilha promovida por jovens homofobicos, que o espancam. É uma cena chocante.

Cyclone

"Cyclone", de Flavia Castro (2025) Produzido pela atriz Luiza Mariani, dirigido por Flavia Castro e escrito por Rita Piffer, "Cyclone" é um drama brasileiro sob a ótica feminina na frente e atrás das câmeras, com fotografia de Heloísa Passos e uma equipe majoritariamente formada por mulheres. O filme é uma cinebiografia de Maria de Lourdes Castro Pontes (1900–1919), mais conhecida pelo nome artístco de Miss Cyclone. Escritora brasileira associada ao movimento modernista, Maria morreu por complicações associadas ao aborto clandestino, aos 19 anos de idade. A narrativa e estética do filme me fizeram lembrar do recente filme "Madame Durocher", sobre a primeira parteira do Brasil. Ambos filmes históricos, filmados sob uma linguagem intimista e com a câmera literalmente colada no rosto da protagonista (linguagem que auxilia muito para resolver questões orçamentárias para um filme de época). São Paulo, 1919. Maria de Lourdes era operária, escrevia peças de teatro escondida no intervalo do trabalho e venceu um concurso que a levaria para Paris. Ela mantém um caso escondido com o autor Heitor Gamba (Eduardo Moscovis), que se apropria de suas escritas e anuncia como sendo dele. Esse tema da apropriação rtístoca macsulina sobre a obra criatva de uma mulher já foi vista em filmes como "Colette", 'A esposa", e 'Sr e Sra Adelmann". Vivendo em mundos machistas, todas essas escritoras foram silenciadas e abafadas pelos seus parceiros. O filme traz diversas participações especiais de um ótimo elenco: Eduardo Moscovis, Karine Teles, Magali Biff, Luciana Paes e Ricardo Teodoro, que interpreta o chefe de Maria na gráfica, e que também a maltrata com ofensas e humilhações. O filme concorreu no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

O quarto escuro de Satã

"Il tuo vizio è una stanza chiusa e solo io ne ho la chiave", de Sergio Martino (1972) Livremente inspirado no clássico de Edgar Allan Poe, "O gato preto", "O quarto escuro de Satã" é um cult do gênero giallio, dirigido pelo mestre italiano Sergio Martino. O filme é repleto de erotismo e nudez total de todo o elenco feminino, uma constante nos filmes italianos do gênero. A história apresenta o escritor fracassado Oliviero Rouvigny (Luigi Pistilli, que herdou a mansão de sua mãe, a atriz Esther, que morreu há pouco tempo. Ele é casado com Irina (Anita Strindberg e possui uma empregada, Brenda (Angela La Vorgna). Oliviero é alcólara e maltrata Irina e Brenda, xingando-as. Oliviero força fazer s3x0 com as duas, e também tem outras amantes. Uma das amantes, uma atendente de uma livraria, é assassinada. Oliviero pede ajuda à Irina para ecsonder o corpo da mulher, com medo de ser acusado de tê-la matado. Eles abrem um buraco na parede do porão e escondem o corpo ali. O gato preto satã, que [ertenceu à mãe de Oliviero, testemunha tudo. Brenda acaba sendo assassinada, e também tem seu corpo escondido. A sobrinha de Oliviero, Floriana, chega repentinamente na cidade e deseja passar uns dias com ele. Ela se torna amante de Irina, e logo depois, de Oliviero. Novos crimes acontecem e a polícia surge para tentar descobrir o paradeiro de pessoas desaparecidas. Realizador das obras primasd do giallio "Torso" e "Todas as cores do medo", Martino faz aqui um bom filme, mas distante do primor dos filmes citados. Ainda assim, é um filme interessante e com um roteiro repleto de plot twists intrigantes e surpreendentes. As cenas de morte não são violentas, e o suspense é razoável.

All the empty rooms

"All the empty rooms", de Joshua Seftel (2025) Premiado documentário que traz um tema emocionalmente devastador: apresentar os quartos de crianças e adolescentes que foram assassinados em tiroteios nas ecsolas dos Estados Unidos. Não é um filme fácil de se assistir e não recomendado para quem possa sofrer gatilhos emocionais por questões de violência contra menores. O filme apresenta um relatório onde em 1997, houveram 17 tiroteios em escolas nos Estados Unidos. Já em 2024, foram 132 tiroteios no ano. O filme é apresentado pelo repórter da CBS news, Steve Hartman. Após cobrir uma matéria sobre um tiroteio em uma escola, Steve era acionado sempre para fazer matérias sobre tiroteios. Steve diz que já se sentia banalizando o tema e não sentindo mais emoção. "Eu estava me repetindo". Então, mudou sua abordagem. Convidou o fotógrafo Lou Bopp, especializado em naturezas mortas, para acompanhá-lo em suas visitas às famílias enlutadas e documentar sua perda de uma maneira nova e mais significativa. Ao visitar os quartos, além da decoração e dos objetos pertencentes aos jovens, o filme apresenta vídeos gravados em celular, e nenhum rosto é coberto. Vítimas como Jackie Cazares, 9 anos, assassinada em tiroteiro na escola Robbs no dia 24 de maio de 2022 e que tinha o sonho de ser veterinária. Grace Muehlberger, 15 anos assassinada no Saugus high schol no dia 14 de nov de 2019 e tinha o sonho de ser bailarina. Tem também os quartos de Dominic Blackwell e Hallie Scruggs. Os pais de Dominic dizem que não lavaram as roupas do filho desde a sua morte, para que o quarto mantivesse o seu cheiro. No final, tanto Steve quanto Bopp retornam para suas casas, e voltam com uma percepção diferente em relação aos seus filhos. É um filme que deixa claro o quanto a vida é imprevisível, e que sonhos morrem inesperadamente pela obra do destino.

Jay Kelly

"Jay Kelly", de Noah Baumbach (2025) Dirigido e co-escrito pelo cineasta Noah Baumbach, ex-marido de Greta Gerwig (que faz uma participação), "Jey Kelly"concorreu no Fetsival de Veneza e em San Sebastian. O filme é um drama com elementos de humor, protagonizado por George Clooney e Adam Sandler (Sandler já havia trabalhado com Baumbach em 2017 em "Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe"). O filme explora uma reflexão sobre uma grande estrela de Hollywood, Jay Kelly (George Clooney) e as suas ecsolhas da vida pessoal e profisisonal, e que o fizeram se afastar de suas filhas, ums entimento que o deixa ressentido, eque agora, ele decide se reaproximar. Adam Sandler interpreta o seu agente, Ron Sukenick, que também se ressente de dedicar a sua vida profissional aos problemas de Jay Kelly e deixando a sua própria família em 2o plano. O mesmo acontece com Liz (Laura Dern), assessora de imprensa de Jay, e que no passado flertava com Ron, mas abdicou do romance para se dedicar ao trabalho. Quando terminam as filmagens de seu útlimo loga, Jay decide convidar sua filha mais jovem Daisy (Grace Edwards) para viajar com ele para a Itália, antes que ela entre na faculdade. Mas Daysi já havia marcado uma viagem para Toscana com suas amigas. Jay decide ir atrás da filha,s em que ela saiba. O filme tem um elenco enorme que inclui participações da italiana Alba Rohrwacher, de Patrick Wilson, Riley Keough ( que interpreta a filha mais velha de Jay, Jessica), Jim Broadbent que interpreta Peter, pai de Jay, e muitos outros. Filmando na Itália, Londres e Nova York, o filme é uma produção de alto valor de produção, com muita figuração, ambientes sofisticados e uma fotografia e direção de arte requintadas. Mas a parte que mais gostei foi o desfecho, com um clipe que homenageia Clloney, com diversas cenas de seus filmes mais famosos.

Hijra

"Hijra", de Shahad Ameen (2025) Indicado pela Arábia Saudita à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2026, "Hijra" é um comovente drama que representa como as mulheres vivem em um país conservador e que segue a religião muçulmana, tirando muito de seus direitos como cidadãs. Ambientado em 2001, um momento histórico onde era impensável que as mulheres tivessem voz ativa, o filme venceu um pr6emio especial no Festival de Veneza 2025. Co-produzido por Arábia Saudita, Iraque, Reino Unido e Egito, o crédito final traz o isgnificado do título do filme: "Migração de Maomé de Meca à Medina em 622 DC, que marcou a consolidação da primeira comunidade muculmana." A história se passa em Al Taif e segue até Meca (onde são realizados os rituais da peregrinação), e acompanhamos três gerações de mulheres: Sitti (Khairia Nazmi), a avó rigorosa e que traz em si toda uma educação rigida e patriarcal; e as netas Janna (Lamar Feddan), 12 anos, e Sarah (Khairiah Nathmy), 14 anos. Sarah é rebelde, ouve música em um fone e durante a viagem, ela foge. Janna percebe que Sarah quer fugir do país e começar uma vid anova em outro lugar. Sitti decide abandonar a peregrinação e viaja para o norte em busca da neta desaparecida. O filme traça um paralelo entre Sitti, uma mulher que sofreu todos os tipos de pressão sobre como ser uma mulher obediente e silenciada em um país conservador, e a geração mais nova de sarah e Janna, frutos de inquietação e de rebeldia. Belamente fotografado por MI Littin-Menz, que explora as regiões áridas, e uma trilha sonora emocionante de Amad Armand. A diretora Shahadd Ameen dirige com afeto e poesia uma história trágica, cruel e de sofrimento, com uma impecável direção de atores e um desfecho que explora o realismo fantástico.

The end of cruising

"The end of cruising", de Antony Hickling, Charles Lum, Xavier Stentz (2013) "Cruising"é uma gíria queer inglesa que significa a prática de encontrar parceiros s3xu41s anônimos em locais públicos, como estacionamentos, praças ou praias, comum entre homens gay. "The end of cruising" é um documentário com cenas filmadas com atores pornôs ilustrando os depoimentos de indivíduos de diversas partes do mundo, retratando de forma explícita as suas aventuras s3xu41a em pontos de pegação espalhados pelo mundo. O tema mais interessante é sobre como o surgimento de apps como Grindr e Scruff fizeram com que a prática do cruising presencial diminuísse a ponto de quase não existir mais em alguns lugares, muito pela praticidade e segurança. Segundo um dos entrevistados, "qual o sentido de correr riscos de fazer pegação em banheiros públicos e nas ruas, correndo o risco de ser preso ou morto?" Dirigido por vários cineastas do mundo, o filme faz um verdadeiro mapeamento de locais famosos em países na prática do cruising: Prospect Drive - London Hyde park- London Meat rack- Fire island, Nova York Washington square park- Washington Route 91- Mount Holyoke- Massachussets Val D'auron - Bourges- França The fens- Boston's Emerald Necklace-Boston Tuelieries 75001- Paris Orstedsparken- Copenhaguen Tiergarten- Berlim Tom's gift- Nova York (local de banheiro público para glory holes) Flushing Meadows–Corona Park- World's fair- Queens- Nova York Buttes Chaumont- 75019- Paris The Loop at Mattapan station- Boston Independence park- Tel Aviv Banheiro público de Lisboa- portugal World trade center - Nova York The towers of cum and Horndogs of Yore - Nova York Hampstead Heath - London Atores contratados para retratar depoimentos Na era do Grindr, Scruff e outros aplicativos, quem ainda pratica cruising? Este instigante documentário antológico celebra os prazeres que os homens gays encontravam em lugares para atividades sexuais anônimas. Narradores eloquentes falam com saudade e apreço sobre como o ato de cruising desempenhou um papel importante em seu desenvolvimento e satisfação sexual. Explora diferentes pontos de cruising nos EUA, Reino Unido e Europa através de histórias contadas pelos homens que os frequentaram (incluindo alguns muito ativos no antigo World Trade Center). É político, é sensual e, às vezes, sexualmente explícito. Uma exploração oportuna do cruising gay e do sexo em público. Qualquer pessoa que já tenha tido experiências de cruising em banheiros públicos ou parques se identificará com as histórias anedóticas contadas aqui. O filme é dividido em pequenas vinhetas de 5 a 10 minutos, cada uma focada em um local específico de cruising e narrando a experiência de uma pessoa ali. Visualmente, somos transportados para o local em questão e vemos os espaços de cruising como eram antigamente, ou como se tornaram (muitas vezes extintos). Somos brindados com um caleidoscópio de imagens em movimento, uma paisagem onírica para os flashbacks de outras pessoas sobre as características desses locais, por assim dizer. Verow também conseguiu transmitir, em cada história, um sentimento diferente. A trilha sonora contribui muito para isso. Felizmente, não há entrevistas com especialistas neste filme. As vozes (muitas vezes animadas) falam por si mesmas e, visualmente, é a atmosfera do local que se sobrepõe à recriação exata das práticas sexuais narradas. Eu gosto assim. Embora possa ter um toque de abstração, é totalmente acessível a qualquer pessoa interessada em cruzeiros (para elas, as imagens farão todo o sentido). Apesar do título "O Fim dos Cruzeiros", o filme apresenta alguns locais e histórias que indicam que ainda há esperança. Fico feliz por isso, pois, pela minha experiência, acredito que ainda existem muitos lugares prosperando (graças a Deus!). Útil • 13

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Ya no te amo (pero me seguís volando la cabeza)

"Ya no te amo (pero me seguís volando la cabeza)", de Geronimo Gutierrez (2024) Premiado curta argentino, "Ya no te amo (pero me seguís volando la cabeza)" traz elementos de drama, romance, fantasia e ficção científica e poderia ter sido um bom episódio de "Black mirror" (considerando seu orçamento de apenas 500 dólares). Em uma sociedade distópica, onde o planeta caminha para o fim do mundo, o Ministério da Crise Intergaláctica convoca os cidadãos a deixarem a Terra antes do Armaggedon, oferecendo voos interplanetários para assentamentos espaciais na órbita de J-18. Enquanto isso, num bar, 23 minutos antes da partida dos voos finais, um casal, Gero (Francisco Vicentini) e Brenda (Luciana Capriotti) precisa tomar uma decisão: viajar, ou colocar um fim na sua crise de relacionamento. Uma história simples mas que funciona pelos seus elementos estéticos: a ótima direção de arte, que recria um bar vintage repleto de neons, em uma ambiemntação que parece saído de "Blade runner", e a ótima fotografia estilizada oitentista de Luciano Cazanave. O desfecho me lembrou alguns filmes de apocalipse, com um tom trágico e pessimista.

Ladybug

"Ladybug", de Tim Cruz (2024) Thriller sobrenatural queer dirigido e co-escrito pelo cineasta Tim Cruz, de ascendência filipina mas residente nos Estados Unidos. O filme é uma produção indie, co-escrita e protagonizada por Anthony del Negro. Abalado por um término de relacionamento, o artista plástico Grayson (del Negro) retorna à cabana afastada de sua família para passar uns dias. Saindo de Nova York, ele é cobrado pela sua agente, Wendy (Scout Taylor-Compton) a entregar uma nova série de pinturas para uma exposição. Grayson encontra a cabana suja e decide contratar o serviço de uam empresa, que lhe envia o jovem Sawyer (Zachary Roozen) para fazer. alimpeza. A atração entre os dois é imediata. Greyson pede para Sawyer posar para ele nas pinturas. Enquanto isso, um serial killer homofóbico ronda a região. Esse filme poderia ter sido bem interessante, mas afunda na pobreza do roteiro, longo, arrastado e com um desfecho confuso. O que salva o filme é a presença dos dois atores principais. são bonitos e aparecem semi-nus, mas como atores, são fracos e não transmitem as variações emotivas de seus personagens. Como thriller e suspense, o filme não traz tensão.

O estrangeiro

" L'étranger", de François Ozon (2025) "O estrangeiro", romance de Albert Camus, teve 2 adaptações para o cinema, e ambas competindo no Festival de Veneza. A versão de 1967 foi dirigida por Luchino Visconti e protagonizada por Marcello Mastroiani e Ana Karina. Em 2025, François Ozon faz a sua versão, protagonizada por Benjamin Voisin e Rebecca Marder. O filme começa com imagens documentais apresentando a Algéria, sob ocupação francesa, nos anos 60. Em seguida, Meursault (Voisin), jovem francês, entra em um presídio na Algéria, e colocado em uma cela. Ele é acusado de ter assassinado um árabe, acusação que ele confirma no tribunal. O filme retorna em flashbacks para entender o corrido e a personalidade de Meursault. Assim como os personagens dos filmes de Robert Bresson, ele não exprime emoção, nem mesmo no velório de sua mãe. Com partipação de Denis Lavant, ator fetiche dos filmes de Leos Carax, 'O estrangeiro" é todo rodado em belo preto e branco. O filme não tem temática gay, mas ozon filma com forte teor homoerótico nas imagens, tanto na exploração de corpos masculinos semi-nus, quantos nos belos rostos de seus atores. Eu sou um grande apreciador da obra de Ozon, mas confesso que "O estrangeiro" é o que menos gosto. Lento, a história não me seduziu, e achei tudo bem chato.

Era uma vez minha mãe

"Ma mère, Dieu et Sylvie Vartan", de Ken Scott (2025) A última cena desse comovente drama traz a narração em off do protagonista Roland: "Um escritor inglês uma vez que escreveu que Deus não pode estar em todos os lugares, e por isso ele inventou as mães.". O espectador já pode esperar em se emocionar e chorar em muitos momentos desse filme lindo, adaptado do livro escrito pelo próprio Roland Perez, chamado 'Minha mãe, Deus e Sylvie Vartan". Esther (Leila Bekhti, casada com o ator Tahar Rahim) é casada com Maklouf Perez (Lionel Dray), e são imigrantes judeus do Marrocos. Em 1962, morando na França, eles são uma família de classe média, com 5 filhos, Esther está grávida de seu 6o filho, Roland, que nasec com uma deficiência física em um pé, que é torto. Decida a não tratar seu filho como deficiente, Esther procura médicos em todo o país, para ver se algum consegue resolver o problema físico do pé de Roland. Sem resultados, Esther se dedica a orações e rezas. Mas Roland, que não vai para a escola e fica em casa, aprende a ler ouvindo a smúsicas da cantira Sylvie Vartan, de quem ele é grande fã. Décadas depois, Roland (Jonathan Cohen) é casado e tem três filhos e se torna um grande advogado, tendo a própria Sylvie Varatan como sua cliente. Mas o seu relacionamento com sua mãe entra em crise, acusando-a de nuna deixar ele viver a vida que ele sempre quiz. A alma do filme é a atriz Leila Bekhti, fantástica no papel de Esther. Detreminada, amororsa, teimosa, a atriz percorre todas as camadas de emoção da personagem, tanto na fase jovem quanto na terceira idade. O que atrapalha e muito o trabalho da atriz é a maquiagem de envelhecimento, muito ruim. A própria Sylvie Vartan surge no filme, trazendo dignidade e glamour.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

A mulher morcego

"La mujer murciélago", de Rená Cardona (1968) Com o grande sucesso da série de Tv de "Batman", com Adam West, que foi ao ar de 1966 a 1968, os mecicanos decidiram pegar uma casquinha no universo dos personagens de Bob Kane e criou a sua própria versão de "Batgirl", chamada oportunamente de "A mulher morcego". O filme, lançado em 1968, foi dirigido por René Cardona e escrito por Alfredo Salazar (os criadores de Batman Bill Finger e Bob Kane também foram creditados). Fruto do universo exploitation e dos filmes B de Russ Meyer e Roger Corman, "A mulher morcego" apresenta uma Batgirl, chamada de Gliria, muito sexy e usando figurino onde expõe quase todo o seu corpo escultural. Não contentes em se apropriar da mulher morcego e não pagar direitos, os produtores incluíram também na história "O monstro da Lagoa negra", e o resultado, é um cult idolatrado pelos mexicanos. Os créditos inciais apresentam "A mulher morcego": “Uma mulher maravilhosa, imensamente rica, cuja fortuna colocou a serviço da justiça, lutando incansavelmente contra o mal. Dotada de qualidades incomuns, em pouco tempo conseguiu dominar todos os esportes e, sob uma máscara e o apelido de Mulher-Morcego, tornou-se uma lutadora extraordinária ”, ou seja, Batman e Bruce Wayne escancarados em versão feminina. Gloria ( a modelo e atriz italiana Maura Monti) é também A mulher morcego. Ela pratica luta livre e outros esportes radicais (saltos de paraquedas em Acapulco, locação do filme). Ela é procurada pela dupla de policiais O inspetor ( Crox Alvarado) e o agente Mario Robles (Héctor Godoy) para solucionar um misterioso crime: homens atletas aparecem mortos na praia. Logo Mulher morcego descobre que um cientista, Willian, e seu assistente maluco, Igor, estão extraindo a glândula pineal do cérebro dos atletas e injetando em peixes, para criar homens peixe e dominar o mundo. Gloria precisa usar de seus dotes, tanto de luta quanto se sedução, para destruir os intentos vilanescos do cientista. C;aro que os dois policiais, galãs e canastrões, se apaixonam por Gloria. Descobri o filme por um acaso em uma postagem no "X"e me diverti bastante. É um giulty pleasure delicioso, tosco e trash, mas sempre admiravelmente sexy.

Mary is happy, Mary is happy

"Mary is happy, Mary is happy", de Nawapol Thamrongrattanarit (2013) Escrito e dirigido por Nawapol Thamrongrattanarit, "Mary is happy, Mary is happy" é um filme de linguagem inusitada e conectada ao universo das redes sociais. Em 2009, a usuária do Twitter conhecida como Mary Maloney (@Marylony), uma adolescente tailandesa, publicou 410 teets em sua conta, explorando temas como amizade, o primeiro amor, família e inquietações típicas de uma adolescente. O filme é costurado por cada um dos tweets, que aparecem a cada minuto na tela, com um sketche explorando o texto publicado. O cineasta Nawapol Thamrongrattanarit traz referências ao cinema de Godard, Wong Kar Wai e Ang Lee, tanto na linguagem quanto na reprodução de cenas e estética de cada um desses cineastas. Como não pdoeria deixar de ser, a narrativa é toda fragmentada. não existe um roteiro sequencial, e sim, momentos elipsados da vida da estudante Mary (Patcha Poonpiriya), que estuda no último ano do ensino médio e precisa se preparar para estudar para a faculdade. Inquieta, ela tem a sua melhor amiga Suri (Meiko Chonnikan Netjui) com quem ela confidencia tudo. Até que surge o estudante Pakor (Tor Thanapob Leeratanakachorn), e tudo muda na vida de Mary.

Zootopia 2

"Zootopia 2", de Jared Bush e Byron Howard (2025) Quase 10 anos depois do grande sucesso do filme original, lançado em 2010, a Disney lança 'Zootopia 2" e que somente no final de semana de estréia, arrecador quase 600 milhões de dólares pelo mundo, uma bilheteria astronômica. O filme traz de volta o casal Judy Hopps (Ginnifer Goodwin), uma coelha policial e ansiosa, e a raposa Nick Wilde (Jason Bateman), agora como uma dupla policial da cidade de Zootopia. Mas seus colegas de profissão não os vêem com bons olhos, e a dupla precisa provar que merece a honraria. Durante a comemoração de 100 anos da cidade, no baile de gala, Gary De'Snake (Ke Huy Quan). surge disfarçado e sequestra Milton (David Strathairn), o patriarca da família Lynxley, fundadores da cidade. As cobras foram expulsas da cidade por serem consideradas não confiáveis. O filho de Milton, Paebert (Andy Samberg) pede ajuda a Judy e Nick para resgatarem seu pai e prender Gary. O filme é divertido e tem muitos easter eggs, sendo que a melhor certamente é a brincadeira com "O iluminado", na cena de perseguição de neve no labirinto, onde toca inclusive a famosa trilha de Wendy Carlos e Rachel Elkind. O filme agrada toda a família, com humor, cenas de ação e os bichinhos fofos da Disney, que certamente irá render uma fortjna em merchandising e prodytos.