Diário de um Cinéfilo
domingo, 10 de agosto de 2025
Popstar: Sem Parar, Sem Limites
"Popstar: Never Stop Never Stopping", de Akiva Schaffer e Jorma Taccone (2016)
Divertido Mockmentary (documentário fake) dirigido e escrito pelo coletivo "The lonely island", formado pelos atores, diretores e roteiristas Andy Samberg, Akiva Schaffer e Jorma Taccone (Akiva dirigiu o reboot de "Corra que a polícia vem aí", com Liam Neeson). O filme certamente foi inspirado pelo clássico "This is spinal tap", de Rob Reiner, que também mostrava a banda fictícia The spinal tap e a relação entre os integrantes do grupo, seus shows, crises internas, mídia e fãs. Em Popstar", todos os gerais com multidão foram cedidos pelo grupo One direction. O filme foi co-produzido por Judd Apatow, e dizem que a imagem explícita de um p3nis seja dele.
Amigos desde criança, o trio Conner (Samberg), Owen (Jorma Taccone) e Lawrence (Schaffer) acabam formando o trio pop The Style Boyz, que se torna um grande sucesso. Mas desavenças entre Lawrence e Conner pelas autorias de letras faz com que o grupo acabe,. Lawrence se isola e vira um fazendeiro. Connor decide lançar carreira solo, se chamando Conner4real, e Owen vira seu Dj nos shows. O 1o disco solo é um grande sucesso. Ma so 2o se torna um grande fracasso. A chance é retomar o trio The Style boyz", mas para isso, Connor terá que se reaproximar de Lawrence.
Com ótima direção, trabalho de câmera, fotografia e músicas compostas para o filme, a direção de arte traz grande valor de produção no cenário dos shpws e no design gráfico. Mas ond eo filme realmente funciona, são nos inúmeros de celebridades reais e um time de atores comediantes no elenco codjuvante: Pharrel, Imogen Poots, Maya Rudolph, Joan Cusack, Usher, Nas, 50 cent, Ringo Star, Simon Cowell, Adam Levine, Mariah Carey, Pink, Emma Stone, Justin Timberlake, Bil Hader, Kate perry, Miley Cyrus, Michael Bolton, entre outros.
Late shift
"Heldin", de Petra Biondina Volpe (2025)
Exibido no Festival de Berlim 2025, "Late shift" é uma co-produção Suíça e Alemanha, escrito e dirigido por Petra Biondina Volpe. O filme é uma homenagem à difícil vida profissional da classe dos enfermeiros, que trabalham sob pressão e que constantemente provoca burn out e instabilidade emocional. Na cartela final do filme, tem a informação que na Suíca, 36 por cento dos enfermeiros abandonam a profissão, e que em 2030, haverá um defdicit de 30 mil enfermeiros. A crise é global, e no mundo, em 2030, o deficit será de 13 milhões de enfermeiros.
Floria (Leonie Benesch, atriz do excelente "Teacher's lounge") é uma enfermeira do turno noturno. No hospital onde ela trabalha, só existem 2 enfermeiras no turno, e a sua agenda está lotada, tendo que dar atenção a diversos pacientes, em sua maioria, idosos. Stress, pacientes instáveis emocionalmente, são todos os tipos de situações pelos quais Floria precisa passar.
Com um trabalho impecável de Leonie Benesch, o filme traz uma narrativa naturalista, quase documental, tensa e dinâmica do trabalho dos enfermeiros. Excelente trabalho de câmera e de fotografia. O desfecho é comovente.
O fim da viagem, o começo de tudo
"Tabi no owari sekai no hajimari", de Kiyoshi Kurosawa (2019)
Kiyoshi Kurosawa é considerado um mestre do gênero terror japonês. Ele dirigiu cults como "Pulse", o espetacular "Creepy", 'Chime" e a obra prima "Sonata de Tokyo", um drama angustiante. Escrito e dirigido por Kurosawa, "O fim da viagem, o começo de tudo" foi realizado para
comemorar o 25º aniversário das relações diplomáticas entre o Japão e o Uzbequistão, assim como o 70º aniversário do Teatro Navoi, representado no filme por uma linda cena onde a protagonista canta "Hino ao amor", de Edith Piaf. O filme concorreu no Fetsival de Locarno.
Yoko (Atsuko Maeda), é uma jovem jornalista de TV japonesa. Ela trabalha para uma equipe de homens para um programa de viagens. A equipe está no Uzbequistão, colhendo informações curiosas sobre o país. Yoko é a apresentadora, e é obrigada a passar por situações constrangediras e incômodas sobre a cultura local. Um país conservador, Yoko sofre machismo tanto de moradores locais, quanto de sua própria equipe. Yoko tinha sonho de ser cantora. O intérprete local é apaixonado por ela, mas decsobre que Yoko namora um bombeiro japonês, com quem ela se comunica por mensagens de texto.
Um filme totalmente diferente da filmografia de Kuroswa, "O fim da viagem, o começo de tudo" mostra uma protagonista deslocada culturalmente, trabalhando em um país onde ela não fala a língua local. Yokotem sempre a sua voz abafada pelo diretor, que a obriga a produzir matérias, mesmo que ela não esteja bem. A cena onde ela é cobaia em um brinquedo em um parque de diversões sintetiza bem o assédio que ela passa, disfarçado por pressão e machismo. A cena final é comovente e libertadora.
sexta-feira, 8 de agosto de 2025
Mamantula
"Mamantula", de Ion De Sosa (2023)
Bizarra fantasia queer, recheada de cenas de s3xo explícito, "Mamantula" traz um ser alienígena em forma de tarântula, que disfarçado d ehomem cis, faz encontros em ambientes de pegação. Na hora do orgasmo, ele se alimenta de sangue e sêmen, deixabdo a vítima sem ossos. duas mulheres detetives, que também são amantes, procuram decsobrir o paradeiro do serial killer que anda assassinando gays.
O filme, uma co-produção Alemanha e Espanha, parece uma mistura bem doida de Almodovar, Bruce la Bruce e Rosa Von Praunheim. Com cenas escatológicas, uma profusão de closes em genitálias masculinas, muitas cenas de s3xo e um roteiro tosco, que serve a um público que consome o quanto pior, melhor.
Sauna
"Sauna", de Mathias Broe (2025)
Concorrendo no Festival de Sundance 2025, "Sauna" é um dram queer que traz um tema polêmico: Johan (Magnus Juhl Andersen) é um jovem massagista e garoto d eprograma que trabalha em uma sauna gay. Fora da sauna, Johan marca encontros pelo Grindr. ele acaba marcando encontro com Willian (Nina Terese Rask). Porém, logo nas preliminares, Johan descobre que Willian é um homem trans. De início ele rejeita, mas reconsidera e transa com Willian. Os dois passam a manter um relacionamento estável, ao contrário do que Johan pensava, em ser uma pessoa livre em relacionamentos. Willian tem dificuldade em conseguir hormônios e de convencer uma clínica a fazer transição de gênero. Johan por sua vez, tem dificuldade em seu aceito pela comunidade trans, e mais: sente falta d avida sxeualmente ativam quando era o passivo da relação, com homens cis.
'Sauna" traz cenas explícitas de s3xo, além de apresnetar cem censura o universo das saunas gays em Copenhague, ponto de encontro para orgias e s3xo livre. Os dois atores estão muito bem e totalmente entregues aos seus personagens, em fortes cenas de intimidade.
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
A hora do mal
'Weapons", de Zach Cregger (2025)
Muitos críticos compararam esse 2o longa de terror de Zach Cregger ao cinema de Dennis Villeneuve ("Procurados") e Tarantino ("Pulp fiction"). Mas para mim é muito clara as referências a "Longlegs" e "Corra!". Diretor do elogiado terror "Noites brutais", Zach Cregger escreveu e dirigiu o aclamado "A hora do mal". Novamente, a protagonista é uma casa e o sótão esconde segredos. A curiosidade é que o novo cinema de terror aposta no portagonismo de atrizes veteranas em papéís fortes: "Faça ela voltar" tem Sally Hawkins, "Longlegs" tem Alicia Witt e "A hora do mal" tem Amy Madigan. A imagem das crianças correndo lembra muito a imagem de Kim Phuc Phan Thi , a menina Napalm da Guerra do Vietnã, que corria com os braços abertos.
O filme se passa em um subúrbio. Dividido em capítulos, com títulos dedicados ao protagonista daquele episódio. Todos dividem a mesma angústia: 17 crianças da sala de aula da professora Justine (Julia Garner). desapareceram quando saíram sem nenhuma explicação de suas casas às 2:17 da manhã. Os pais botam a culpa em Justine, acusando-a de bruxa. Os outros capítulos: Um dos pais, Archer (Josh Brolin), em busca de seu filho; Anthony (Austin Abrams), um sem teto drogado e ladrão; Paul(Alden Ehrenreich), um policial ex alcóolatra e ex-namorado de Justine; Marcus (BEnedict Wong), o reitor da escola; e Alex , o único menino que não desapareceu e sua tia avó Gladys (Amy Madigan). Todas essas histórias irao se conectar de forma brilhante, amarradas no roteiro repleto de plot twist.
O filme não é aquele terror que todo mundo espera saltar da cadeira. Ele tem um drama em formato de thriller, alguns poucos jump scares. O desfecho que é apoteótico, estranhamente mesclando terror e um humor ácido.
Sorry, baby
'Sorry, baby", de Eva Victor (2025)
Escrito, dirigido e protagonizado pela atriz Eva Victor, 'Sorry, baby" é uma produção indie produzida por Barry Jenkins. O filme concorreu na Quinzena dos realizadores no Festival de Cannes 2025, e venceu o prêmio de melhor roteiro em Sundnace 2025. Distribuído pela A24, "Sorry, baby" foi aclamado pela crítica.
Agnes (Victor) é uma professora de letras na Universidade da Nova Inglaterra. Quando sua melhor amiga Lydie (Naomi Ackie) a visita para passar um final de semana, memórias do passado retornam quando elas eram estudantes de letras. Agnes tinha como mentor de seu projeto de romance o seu professor Preston Decker, que ela admirava bastante. Mas quando ele pede para que ela vá à casa dele apresnetar o projeto, o que se segue depois é o causador de um enorme trauma na vida de Agnes.
Com uma participação encantadora de Lucas Hedges, no papel do vizinho Gavin, "Sorry, baby" é denso, um drama que mergulha no pesadelo de uma mulher que perde o controle de sua estabilidade emocional por um caso sério de abuso sexual e onde ela se sente de mãos atadas por conta de um sistema judiciário, policial, médico e acadêmico que não a protegem. A atriz Eva Victor desenvolveu um filme que orço muito, mude a sua trajetória profisisonal e a torne em uma grande atriz renomada, por merecimento.
Ghost killer
"Ghost killer", de Kensuke Sonomura (2024)
Filme de ação sobrenatural, "Ghost killer" ainda traz elementos de humor ácido e policial. O filme se apega ao já batido mote de um espírito que baixa em uma pessoa totamente diferente e assim, os dois precisam se unir para ajudar o espírito a cumprir a sua vingança na terra, antes de partir de vez. Hideo Kudo (Masanori Mimoto) é um assassino de aluguel que é assassinado a mando de um líder Yakuza.
Fumika (Akari Takaishi) é uma jovem universitária, que trabalha em um bar para poder ajudar a pagar o seu pequeno apartamento, que ela divide com a amiga Miho. Quando Fumiko encontra o cartucho de bala usado para matar Kudo, o espírito dele surge para ela. Ele pede a ajuda dela para descobrir quem o matou e assim, poder se vingar. Fumiko então se torna uma máquina assassina.
O filme tem aquele tom exagerado de produções asiáticas, com muitas caras e bocas e gritarias. A história em si é sem cratividade e ja manjada. O que vale é o trabalho da atriz Akari Takaishi, que interpreta dupla personalidade com maestria, e por isso, com as cenas de ação e pancadaria, vale a pea assistir,
Testamento
"Testament", de Denys Arcand (2023)
Em 1993, quando surgiu o filme "Amor e restos humanos", eu fiquei atento ao nome de seu realizador canadense: Denys Arcand. Fiquei apaixonado pelo painel frio e desencorajador sobre a geração dos anos 90, envolto com solidão na grande metrópole. Em 2004, o mesmo Arcand ganhou o Oscar de filme internacional com "As invasões bárbaras".
Filme de abertura do Fantasporto 2024, "Testamento" criou polêmicas entre público e crítica , por mostrar idéias contrárias ao pensamento de RAcand em seus filmes anteriores. Pessimista e conservador, o protagonista Jean-Michel, 73 anos, um arquivista aposentado, está morando em uma casa de repouso administrada por Suzanne. Quando um grupo de manifestantes jovens fazem um protesto na porta da casa de repouso, reinvidicando a remoção de um afresco antigo que ilustra como os europeus recepcionaram os indígenas americanos, Jean Michel se irrita. Pelos manifestantes, a ilustração representan justamente os ideiais do colonialismo. Jean Michel passa a questionar o politicamente correto do mundo e ao mesmo tempo, investe em um enlace romântico com Suzanne.
Exibindo cinismo e trazendo um pensamento conservador e de direita, o personagem esbanja pessimismo e cinismo e um discurso aliado a um mundo desolador e onde o politicamente correto destruiu o caráter da humanidade. É de fato controverso e incômodo. O elenco está excelente, a parte técnica é correta, com fotografia e arte trazendo um olhar mais iluminado sobr eo mundo, contrastando com as suas mensagens. Não curti o filme, gosto dos filmes mais antigos de Arcand.
terça-feira, 5 de agosto de 2025
Night carnage
"Night carnage", de Thomas J. Churchill (2025)
Produção independente de terror, escrita e dirigida por Thomas J. Churchill. O filme é um super trash que busca suas referências na franquia "Crepúsculo": o que acontece quando Pepper (Sadie Katz), uma blogueira de sucesso que se transforma em lobisomem e mata homens tóxicos, se apaixona por um playboy, Adian (Mike Ferguson), que na verdade, vem de uma linhagem de vampiros? E no encalço deles, existem caçadores de vampiros?
O roteiro é pífio, com personagens, diálogos e tramas e sub-tramas que mais fazem rir do que empolgar noi quesito terror e suspense. As cenas ond eo lobisomem ataca tem uma caracterização digna de teatro amador, e o vampiro, não assusta absolutamente ninguém. Para quem quiser se divertir com um filme ruim, essa é uma boa pedida.
Aloners
"Honja saneun saramdeul", de Hong Seong-eun (2021)
Vencedor de dezenas de prêmios internacionais, e concorrendo em San Sebastian, "Aloners" é um drama sol coreano intimista focado na protagonista, Jina (Gong Seung-yeon). O filme é dela e é ela quem move a história. É um filme de personagem. Jina é uma jovem solitária e anti-social que trabalha como atendente de uma call center de uma empresa de cartões de crédito. Todos os dias, ela atende os clientes que comumente ligam para fazer reclamações. Jina é elogiada pela gerente geral por ser sempre a atendente que tem mais produtividade e é dada como exemplo. Desde que sua mãe morreu, Jina tem problemas para se relacionar com seu pai, evitando se comunicar com ele, apesar de vigiá-lo o tempo todo pela câmera de segurança da sala da casa onde ele mora. Um dia, a gente apresenta à Jina uma estagiária, Sujin (Jung Da-eun), para que ela possa treiná-la Sujin é o oposto de Jina: procura fazer contatos e criar um vínculo.
em primeira mão, "Aloners" pode parecer um filme entediante sobre pessoas invisíveis, de vidas vazias. Mas ao longo do filme, o drama e a solidão da protagonista vai ganhando empatia do espectador. Para que o filme funcione, depende muito de bons diálogos e bom elenco, e isso o filme possui.
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Eu me lembro
"Eu me lembro", de Edgard Navarro (2005)
Vencedor de 5 prêmios no Festival de Brasilia em 2005: Filme, atriz, ator e atriz coadjuvante e diretor, "Eu me lembro" é escrito e dirigido pelo cineasta baiano Edgard Navarro. Navarro é um cineasta que realizou curtas polêmicos, como "Superoutro" e "O rei do cagaço", com imagens explícitas e escatológicas, durante os anos 70 e 80. "Eu me lembro" é o seu 1o longa metragem, e traz muitas referências, já no título e em cenas e personagens, ao universo de Federico Fellini, mais precisamente, 'Amarcord". Tivesse sido lançado nos dias d ehoje, o filme certamente teria problemas com a censura e opinião público, por conta de cenas de 3exo envolvendo menores de idade. O filme mistura elementos da vida real com ficção de Navarro. Englobando a vida de Guigo dos anos 50 aos anos 70, passando por questões sobre fé cristã, ditadura militar, opressão familiar e na política uso de drogas e principalmente, a exploração dos desejos pelo corpo e pelo s3xo. Guigo desde criança já se excitava com a presença de sua mãe e tia. À medida que ele vai crescendo, ele vai descobrindo o seu corpo, o prazer da m3sturbaç3o, o valor da amizade. Já adulto, após a morte de sua mãe, ele culpa seu pai católico e conservador pela morte da mãe e por tudo de ruim que acontece na família. Ele conhece um grupo de hippies e decide fazer parte desse grupo que prega a liberdade.
O filme tem uma ficha técnica muito boa, com excelência na fotografia, de Hamilton Oliveira, direção de arte, figurino e caracterização. O terceiro ato foi o que menos me seduziu. Guigo criança é o que o filme tem de melhor. Adulto, entra em um mundo contestação que ficou com uma narrativa diferente do que estávamos vendo até então.
Plainclothes
"Plainclothes", de Carmen Emmi (2025)
Exibido em competição no Festival de Sundance , "Plaincothes". é um drama LGBTQIAP+ indie americano. Me fez lembrar bastante de "Parceiros da noite", polêmico filme com Al Pacino onde ele representa um policial que se infiltra na comunidade gay para localizar um serial killer que está atando gays. Em "Plaincothes", Lucas (Tom Blyth) é um jovem policial de Nova York de 1997. Infiltrado pela polícia e se fazendo passar por gay, ele frequenta banheiros públicos para servir de isca para homens gays que o seduzem e aí, anuncia voz de prisão. Lucas vive em um ambiente homofóbico: sua família, os policiais, os amigios, todos condenam atos homossexuais de forma violenta. Mas ao tentar flagrar Andrew (Russel Tovey no banheiro, Lucas se sente atraído por ele e decide não entregá-lo aos policiais. Lucas busca contato com Andrew e os dois mantém um relacionamento, até que Lucas decsobre que Andrew é um reverendo de uma igreja, casado e com filho.
O filme tem uma estética visual que mescla película, Vhs e super 8. Os dois atores principais estão otimos, e o filme traz muito boa ficha técnica, com fotografia e direção de arte reconstituindo com detalhes os anos 90. É um filme que traz um olhar trágico e contundente sobre a homofobia e sobre como se libertar das amarras sociais e sexuais diante da sociedade.
Nice to Meet You, Please Don't Rape Me!
"Nice to Meet You, Please Don't Rape Me!", de Aryan Kaganof (1995)
Um drama queer experimental, "Nice to Meet You, Please Don't Rape Me!" é um filme co-produzido pela África do Sul e Hoalnda e traz uma narrativa bastante bizarra, mesclando drama, humor ácido e musical, retratando a vida na África do Sul, Johhanesburg em 1994, pouco antes do fim do Apartheid. Três homens: um negro, um judeu e um britânico se apresentam como soldados 3xtupradores. O negro e o judeu vão alternando os papéis: hora são os algozes, hora são as vítimas. O filme fala sobre uma sociedade acomodada pela cultura do 3xtupro: s3xual, verbal, político, moral e psicológico.
Corajoso, o filme foi rodado em Johanesburg 3 dias após as eleições do apartheid, que deram fim à segregação racial. O filme do nada se transforma em musical debochado. Eu não curti a linguagem do filme, mas tenho certea de que ele fala muito para os sul africanos pela forte temática e pela dor que deve ter sido todo o ato de violência e opressão imposto pelo governo racista.
Dezenove
"Diciannove", de Giovanni Tortorici (2024)
Concorrendo no Festival de Veneza 2024, "Dezenove" é produzido por Luca Guadagnino, diretor de "Queer", 'Me chame pelo seu nome" e "Rivais". O roteirista e cineasta Giovanni Tortorici estréia em longa-metragem, e foi assistente de direção de Guadagnino na série 'We are who we are". Trazendo elementos autobiográficos de sua juventude, o filme apresenta Leonardo (Manfredi Marini), um jovem de 19 anos que está em crise com sua vida pessoal. ele mora em Palermo com seus pais, mas não consegue se comunicar com eles. Ele decide morar em londres com sua irmã e estudar administração. Mas ao chegar lá, ele se sente sufocado pela irmã e pela roomate dela, e decide abandonar tudo e ir até Siena e estudar literatura. Leonardo novamente não consegue se conectar com os adultos, no caso os professores. Ele frequenta baladas, flerta com as garotas, mas ele deseja homens, mesmo não sabendo como botar em prática seus impulsos.
O filme traz belíssima slocações na Itália: além de Palermo, tem Siena e Turim. Manfredi Marini é um ator muito bonito e fotogênico e bastante talentoso, trazendo muitas camadas ao seu personagem inconstante. O filme traz uma linguagem que reflete tanto a narrativa pop de Guadagnino, quanto referências ao cinema d anouvelle vague, com frames congelados e muito existencialismo.
Aislados
"Aislados", de David Marqués (2005)
Comédia espanhola, escrita e dirigida por David Marquês, "Aislados" traz como pano de fundo o drama d euma geração entre os 30 e 40 anos que não se encontrou na sua vida pessoal e profissional, e continuam apegados à uma adolescência tardia.
Adriá (Adriá Collado). é um jornalista que decide aceitar o convite de seu amigo Kique (Eric Frances) , saindo de Barcelona e visitando ele em sua casa afastada do centro de Ibiza. Adriá, que está com sua vida pessoal e profissional caótica, decide passar uns 2 ou 3 dias. Mas logo tudo dá errado: Kique não o recebe no desembarque, e Adriá precisa caminhar a pé muitos kilômetros, sme ter referência exata do endereço. Ao chegar finalmente na casa, ele decsobre que a casa que Kique está é de favor, e o verdadeiro dono, um homem gay, está viajando e a deixou aos seus cuidados. Nos dois dias que se seguem, os dois amigos conversam sobre diversos assuntos banais, desde cultura de quadrinhos, pop, transição vhs para dvd, garotas e trabalho.
"Aislados" é um filme de mega baixo orçamento e se consiste de 3 atores , uma casa e muitos, mas muitos diálogos. Todos com cara de improvisados e jogados fora. É interessante para se discutir uma geração perdida e sem rumo, mas é cansativo e sem ritmo. Os dois atores são carismáticos, pelo menos.
domingo, 3 de agosto de 2025
A luz
"Las licht", de Tom Tykwer (2025)
Tom Twyker é o cineasta alemão que trouxe os grandes sucessos de 'Corra Lola Corra", "O perfume" e "A viagem", além da série cult "Sense8". Para quem gosta de seus filmes que atravessam o universo da fantasia, ficção cinetífica e musical, vai adorar "A luz", filme de abertura do Festival de Berlim 2025. O filme foi bastante criticado pela mistura de gêneros e principalmente, abraçando muitos temas e sub=plots, que vão desde a imigração de sirios para a Alemanha, o previlégio branco, o uso de drogas e álocol por uma adolecsente rebelde queer, os excessos do uso de games por um adolescente alienado, um publicitário que procura abraçar o mundo, uma mulher branca que quer ajudar crianças da Namíbia construindo um teatro numa área desolada, luta de classes, insensibilidade da sociedade, criança negra desconectada de seus pais adotivos brancos, a sociedade formada de pessoas marginalizadas e invisíveis. O filme tem momentos brilhantes mas que atravessam uma excessiva diração de quase 3 horas de filma, o que torna a experiência infelizmente, bastante cansativa. Eu teria amado muito se o filme tivesse pelo menos 40 minutos a menos. e devo dizer que o desfecho é bastante comovente. Asism como em "Maagnólia", de Paul Thomas Anderson, uma música costura inúmeros momentos musicais que parecem saído de "la La land"; "Bohemian Rapsodhy", do Queen, é cantada pelo elenco.
Uma família de classe média alta em Berlim vive um núcleoo disfuncional: o pai publicitário ((Lars Eidinger), de "Dying") trabalha como publicitário em campanhas que visam melhorar o mundo. A mãe (Nicolette Krebitz) se dedica a implementar um teatro numa área carente em Nairobi, Quênia. A filha adolescente passa a madrugada com colegas em festas. O irmão gêmeo passa madrugadas em competição de games. Eles não se falam entre si. Quando a empregada morre, uma imigrante síria, Farrah, começa a trabalhar para eles. Logo, a história dessa família irá se misturar de forma fantástica e espiritual com a de Farrah, que carrega em si a tragédia de seus familiares.
Juntos
"Together", de Michael Shanks (2025)
A cena final de "Juntos", ao som da clássica "2 becomes 1", das Spice girls, é dos momentos mais românticamente metafóricos que você já terá visto no cinema. Tenho certeza de que o cineasta e roteirista Michael Shanks usou como referência para seu filme essa música, cuja letra diz muito sobre o cotetxo da bizarra história. David Cronemberg amaria ter filmado esse filme nos anos 80, no seu auge dos filmes Body horror.
Exibido com sucesso nos festivais de Sundance, SXSW e Locarno, o filme traz o casal d avida real Dave Franco e Alison Brie nos papéis de Tim e Millie O jovem casal se muda para uma cidade do interior quando Millie consegue um emprego de professora de inglês em uma escola de ensino fundamental. Tim é um músico que tenta a sorte na carreira. Passando por dificuldades financeiras, Millie tende a se entregar mais no amor do que Tim, em conflito sobre o que realmente sente pela namorada. Durante um passeio na floresta que ronda a casa deles, eles caem em uma caverna durante uma tempestade. Eles pernoitam ali, e com sede, Tim bebe água de um lago. No dia seguinte, já fora da caverna, Tim sente estranhos impulsos em seu corpo, que o atraem como magneto ao corpo de Millie.
O cinema de terror atual se tornou embasado em pautas como feminismo, depressão, homofobia, racismo e outros temas para trazer em um contetxo simbólico, o temor do sre humano no campo emocional e social. "Juntos" fala sobre amor eterno, cobre fidelidade e o quanto um casal se entrega, literalmente, a um relacionamento. Divertido, nostálgico e com ótimas performances de Franco e Brie.
sábado, 2 de agosto de 2025
Five and a Half Love Stories in an Apartment in Vilnius, Lithuania
"Five and a Half Love Stories in an Apartment in Vilnius, Lithuania", de Tomas Vengris (2023)
Drama lituano qe rodou diversos festivais, "Five and a Half Love Stories in an Apartment in Vilnius, Lithuania", foi co-escrito e dirigido por
Tomas Vengris, com co-produção da Irlanda, Lituânia e Letônia, o que explica a diversidade de personagens e línguas faladas no filme.
O filme acontece todo dentro de um apartamento de airbnb, em Vilnius, capital da Lituânia. Ali, 5 histórias acontece uma seguida da outra, com 5 novos moradores e como uma história interfere na próxima, com consequências. Os títulos dos episódios são títulos de sontos de Shakespeare. As tramas variam de tom, indo do drama, romance, e universo queer.
1) Uma irlandesa vai para a festa de casamento de sua irmã. Ali, ela conhece um stripper contratado pela irmã. A irlandesa tem um namorado que está na Irlanda, mas ela sente um desjeo pelo stripper
2) Um casal de israelenses se sente incomodado com um casal que faz s3xo no apto do lado, que gemem sem parar. A esposa veio em busca da herança do avô, e o marido fica em casa tentando escrever seu romance
3) Um dj se tranca no apartamento e evita contato com qualquer pessoa, inclusive sua mãe
4) Um rapaz gay marca encontro com um amante, e diz que o apartamento é dele. Eles fazem s2xo, mas quando expira o horário e surge um casal idoso, a confusão se instala
5) A faxineira de todos os episódios é confundida por um morador como sendo uma moradora do apartamento, e se apaixona por ela
O emlhor ep para mim é a dos gays: divertida, sexy, criativa. As outras são ok. Um filme curioso, que poderia render uma versão em cada país, caso fosse feito remake.
Ne Zha 2
"Mo tong nao hai", de Yu Yang (2025)
"Ne Zha 2", lamçado na China no início de 2025, se tornou a maior bilheteria da história para uma animação: 2 bilhões de dólares, somente na China. E no âmbito geral, é a 5a maior bilheteria de todos os tempos. Um feito absolutamente irrepreensivel. O filme original data de 2019. A parte 2 levou quase 5 anos para ficar pronta, tal a quantidade de efeitos em 3D e muito CGI. O filme é longo, com quase 2hrs 30 min, de duração. Assim como o filme anterior, é uma trama bastante complexa e com muitos personagens. O principal é o demônio Ne Zha e seu meio irmão, Ao Bing O anjo e Mestre Taiyi tenta criar um corpo fisico para os 2, que foi destruído e agora vivem apenas de forma espiritual.
O Rei Dragão Ao Guang quer seu filho Ao Bing de volta e para isso, lança um ataque contra o vilarejo onde moram o comandante Li Jing e sua esposa Lady Ying, pais de Ne Zha.
O filme tem imagens espetaculares, principalmente na batalha final. mas achei tudo bastante cansativo. O filme original me cativou mais. E obviamente, o final dessa parte 2 dá margem para continuação de uma franquia bilionária.
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
A feature film about life
"A feature film about life", de Dovile Sarutyte (2021)
Drama lituano co-produzido pelos Estados Unidos, "A feature film about life" é co-escrito e dirigido por Dovile Sarutyte. A protagonista, que tem o nome da cineasta, é interpretada por Agnė Misiūnaitė. O filme começa com Dovile morando em Paris, e está em uma balada cutindo a noite com amigas e flertando. Quando ela chega em casa, no dia seguinte, ela recebe uma ligação de seu tio Arturas, que mora na Lituânia: o pai de Dovile faleceu. Enlutada, ela viaja até o seu país, e revê sua mãe (interpretada por Nelė Savičenko), sua avó paterna eum amigo de sua família, Tadas (Kestutis Jakstas). Incomodada com o alto custo dos serviços funerários, Dovila decide ela mesma cuidar do funeral do pai. Enquanto isso, memórias de sue passado, do iníico dos anos 90, quando ela era pequena e convivia com seu pai, vêem à tona, através de imagens em Vhs.
O filme é bastante emotivo e fala sobre a reconexão de uma mulher com sua família, seu país e sua cultura, que ficaram de lado desde que morou em outro país. As imagens em Vhs trazem melancolia e nostalgia. VAlorizado pelo belo trabalho do elenco, especialmente a protagonista e a atriz que interpreta sua mãe, é um filme minimalista, de pequenas e sutis ações.
Man and dog
"Om-Câine", de Stefan Constantinescu (2022)
Há muito tempo eu não me comovia e hcorava tanto como na brilhante cena final de "Man and dog", um poderoso e intimista drama romeno co-escrito e dirigido por Stefan Constantinescu, que merecia urgentemente uma adaptação teatral.
Doru (Bogdan Dumitrache) é um homem de meia idade romeno, que deixou sua esposa Nicoleta (Ofelia Popii) e filha adolescente Eliza em Bucareste, para trabalhar na Suécia. Ele envia dinheiro todo m%es para elas. Um dia, ele recebe uma mensagem anônima, dizendo que sua esposa o está traindo. Doru viaja de volta para casa, com o argumento que está indo para o batismo da filha de uma ex-companheira, mas na verdade, ele quer descobrir a verdade sobre a possível traição da esposa. Ofelia e eliza estranham a súbita visita de Doru, e procuram conviver com o marido e pai da forma mais amável possível.
A cena final que comentei acima, é um primor de direção, de atuação e acontece na festa do batizado. Como pano de fundo, toca a clássica disco music 'Automatic lover", de D D Jackson, cuja letra tem tudo a ver com a emoção da cena. Um filme sobre amor e perdão, de arrebatar corações.
quinta-feira, 31 de julho de 2025
Quinografia
"Quinografia", de Federico Cardone e Mariano Dosono (2024)
Documentário que narra vida e obra do cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado Tejón , conhecido como Quino. Nascido em 1927 em Mendoza, Argentina, faleceu em 2020 de derrame cerebral, aos 88 anos de idade. Com depoimentos de familiares e amigos, o filme apresenta a vida do autor de Mafalda, sua personagem mais conhecida. Criada em 1962 para uma campanha de publicidade, ela logo ganhou vida própria, tendo tirinhas diárias publicadas em diversos países. Em 1973, Quino decidiu encerrar as histórias de Mafalda, temendo se tornar repetitivo, mas acredita-se que ele parou por represálias políticas. MAfalda foi por muito tempo comparada a Charlie Brown por conta de seu olhar crítico e existencialista. O filme mostra momentos importantes da vida pessoal de Quino, e traz para o público diversas tirinhas políticas e debochadas, criticando o regime militar de seu país.
A fortaleza infernal
"The keep", de Michael Mann (1983)
Um dos primeiros filmes do cineasta Michael Mann, "A fortaleza infernal" é a sua única exeriência com filme de terror e sobrenatural. Adaptado do livro de 1981 do americano F. Paul Wilson ( que odiou o filme), o filme tem trilha sonora do duo eletrônico Tangerine Dream. três anos depois, Michael Mann mudaria a sua carreira para sempre, ao adaptar o romance de Thomas Harris, "The red dragon", que viria a ser a primeira aparição de Hannibal Lecter no cinema, em 1986. O elenco de "A fortaleza infernal" traz Ian Mackellen e Gabriel Byrne no ano de 1941, na Romênia, sob ocupação nazista. Soldados nazistas, sob o comando do Capitão Klaus Woermann, chega a uma aldeia conhecida como "a Fortaleza" , por conta de um forte vigiado pelos aldeões por céculos, guardando um segredo ancestral. Quando os nazistas ocupuam o forte, eles liberam uma entidade malígna, chamada Radu Molasar, que mata os nazistas. Radu quer sair do forte, mas para isso, irá precisar da ajuda de um historiador judeu doente, Theodore Cuza (Mackellen), acionado pelo oficial nazista Erich Kaempffer (Byrne), um sádico que deseja os poderes do forte.
Não vamos nos iludir: o filme é ruim. Hoje em dia, seria visto como um filme tosco e trash. Mas a história em si é bem interessante, e poderia render uma boa refilmagem. O que mais amei no filme, é a caracterização da entidade de Radu, uma criatura gigante escura e de olhos e boca vermelhos, que algumas pessoas compararam ao Apocalipse, da Marvel. Por ele, o filme vale ser visto.
Love
"Kjærlighet", de Dag Johan Haugerud (2024)
Concorrendo ao Leão de ouro no Fetsival de Veneza 2024, "Love" é o 2o filme da trilogia "Sex/Love/dreams", dirigido e escrito pelo cineasta norueguês Dag Johan Haugerud. 'Dreams" venceu os prêmio do Urso de ouro e Fipresci no FEstival de Berlim 2025, e dos três, é o melhor. Mas essa comparação não tira a força de "Love", que traz um roteiro que discute os relacionamentos amororos em época de apps, com personagens na faixa dos 40 anos, em crise entre a tecnologia ou o romance à moda antiga, olho no olho. Defendido por um time de excelentes atores e diálogos naturalistas e cativantes, 'Love" é um reflexo da sociedade de hoje, dividido entre a vida pessoal e a profissional, e temendo envolvimentos amororos por questões traumáticas ou medo de perder a individualidade.
Marianne (Andrea Bræin Hovig) é uma médica oncologista que se dedica a cuidar de seus pacientes afetados psicologicamente pelo medo da morte.
O enfermeiro Tor (Tayo Cittadella Jacobsen) trabalha em dupla com Marianne. Gay assumido, ele encontra Marianne ao acaso m uma barca, junto da amiga dela Heidi, que quer apresnetá-la a um amigo divorciado. Ao retornar para casa de noite, Marianne reencontra Tor na mesma balsa. Ele diz que costuma frequentar a balsa para fazer pegação com os passageiros. Marianne se exicta com a possibilidade de flertar sem compromisso com homens de quem ela não sabe a história. Visualmente, o filme é muito bonito, com fotografia sedutora, locações apaixonantes e uma sutileza e delicadeza no encaminhamento da narrativa.
quarta-feira, 30 de julho de 2025
Hot milk
"Hot milk", de Rebecca Lenkiewicz (2025)
Concorrendo ao Urso de Ouro em Berlim 2025, "Hot milk" é escrito e dirigido pela cineasta inglesa Rebecca Lenkiewicz, em seu longa de estréia. O filme é adaptado do romance escrito por Deborah Levy. Ambientado na região de Almeria, Espanha, o filme foi rodado na Grécia. O filme apresenta uma relação conturbada entre mãe e filha, e o relacionamento da filha como uma moradora local.
Rose" (Fiona Shaw) não consegue andar há quase vinte anos. Ela decidiu hipotecar sua casa para poder fazer um tratamento alternativo na clínica administrada por "Gomez" (Vincent Perez), na Almeria. Sua filha Sophia (Emma Mackey) a acompanha. A tensão entre mãe e filha vai aumentando. Sophia acaba conhecendo uma alemã que mora na região, Ingrid (Vicky Krieps) e elas começam um relacionamento.
Co-produzido por Austrália, Grécia e Reino Unido, "Hot milk" é um drama complexo sobre diversas camadas emocionais, defenido pelo excelente trabalho das 3 atrizes. No entanto, o ritmo lento e o roteiro pouco envolvente para mim me mantiveram afastado da história o tempo todo, finalizando em um desfecho em aberto que é chocante e simbólico.
Eternidade
"Wiñaypacha", de Óscar Catacora (2017)
Dirigido, escrito e fotografado por Oscar Catacora, 'Eternidade" é um drama minimalista, com uma fotografia belíssima que traz imagens impressionantes dos alpes peruanos. Primeiro filme rodado no dialeto aimará, língua indígena falada pelo povo aimará, que mora nos Andes, no Sul do Peru e no noroeste da Bolívia. O filme traz um casal de idosos, Willka (Vicente Catacora, avô do diretor) e Phaxsi (Rosa Nina). Eles moram sozinhos nas montanhas, colhendo grãos para subsistência. Eles aguardam o retorno do filme, que foi para a cidade grande e nunca mais voltar. O filme mostra a rotina dos idosos, e o tempo todo, os pais desejam não morrer enquanto não reverem o filho. Apesar das lindas imagens, o filme mostra uma vida dura e sujeita às forças na natureza e da. cronologia do tempo. Uma reflexão melancólica sobre a finitude. Com um olhar documental e antropológico, o filme foi indicado pelo Peru à uma vaga ao Oscar de filme estrabgeiro em 2018.
La furia
"La furia", de Gemma Blasco (2025)
Concorrendo no Fetsival de SXSW, "La furia"é um denso drama espanhol com o tema do 3xtupro. O filme me fez lembrar de "Irreversível", de Gaspar Noé, mas sem a estilização e a violência gráfica. O filme traz ainda a participação de Ana torrent, a atriz de CArlos Saura em 'Cria Cuervos", no papel da diretora da peça "Medéia".
A;ex (Ángela Cervantes) é uma atriz e assistente de produção que mora com seu irmão mais novo, Adrian (Alex Monner). Na noite de ano novo, Alex vai para uma festa em uma boite. Quando ela vai até o banheiro, ela é 3xtuprada por um homem não identificado. Alex fica traumatizada, e decide contar apenas para seu irmão Adrian, que inesperadamente, deseja vingança, ao contrário de Alex. mas Alex processa a sua dor e angústia na personagem Medéia, que ela deseja interpretar em uma peça, e para isso, ela vai fazer uma audição.
O filme tem uma narrativa desfragmentada, para reforçar o que se passa na mente da personagem. Os tempos cronológicos se misturam entre presente e passado, confundindo o espectador, que não sabe que o que v6e é real ou reflexo da mente da personagem. Excelente trabalho dos dois atores principais, em entrega total de personagens.
terça-feira, 29 de julho de 2025
A vida de Chuck
"The life of Chuck", de Mike Flanagan (2024)
Adaptado de um conto de Stephen King da coletânea "If it bleeds", "A vida de Chuck" me fez lembrar de "Mr Nobody", com Jared Leto. Se apropriando da fantasia, o filme faz um retrospecto da vida de Charles "Chuck" Krantz, em 3 atapas de sua vida. Chuck é interpretado por Tom Hiddleston na fase adulta, por Benjamin Pajak quando criança e por Jacob Trembley na adolescência. O filme venceu o prêmio do público de melhor filme em Toronto 2024. O elenco é um dos pontos fortes do filme: Mark Hamill interpreta seu avô, Albie , e também narra o filme; Mia Sara interpreta sua avó Sarah; Chiwetel Ejiofor interpreta o professor Marty Anderson. O filme tem um tom melancólico e às vezes otimista, mas ao final da projeção, ele certamente fará o esp[ectador efeletir sobre o que é importante na vida, e de que forma o destino pode ser mudado, mesmo com a certeza de uma morte eminente. Mike Flanagan já havia dirigido outro romance de Stephen King, a continuação de "O iluminado", Doutor Sono". O filme é dividido em 3 atos, narrados do presente para o passado.
Ato 3- Thanks Chuck - Com o mundo sofrendo uma pena tecnológica e o fim da internet; catástrfes naturais destruindo o mundo. Com o fim do mundo eminiente, coincidindo com a morte de Chuck na Uti, aos 39 anos.
Ato 2 - Buskers forever - 9 meses antes de sua morte, Chuck, um contador de uam empresa, caminha na sua rotina pela rua, até encontrar uma artista de rua. Ele se vê motivado a dançar, e convida uma jovem para dançar com ele.
Ato 1- I contain multitudes - Chuck criança mora com seus avós. Seu sonho é ser dançarino, inspirado por sua avó. Na sua casa existe um sótão, mas seu avê o proíbe de entrar ali.
O número musical do Ato 2 é mágico e encantador. No ato 1, a cena de dança do pequeno Chuck na escola de dança é comovente e divertida.
"A vida de Chuck" é um lindo filme, que pode não agradar a todos, mas certamente fará as pessoas refletirem sobre sua existência.
segunda-feira, 28 de julho de 2025
A Brother and 7 Siblings
"1 Kakak 7 Ponakan", de Yandy Laurens (2024)
Um comovente drama vindo da Indonésia, "A Brother and 7 Siblings" é receita para o espectador que quer chorar s oltar litros de lágrimas. Refilmagem de uma novela exibida na tv em 1996, de Arswendo Atmowiloto, o filme foi comoarado por diversos críticos aos filmes do cineasta japonês Hirokazu Koreeda, por conta da apresnetação de famílias desfuncionais, envoltos em desmeprego, morte e laços de amizade e amor.
Moko (Chicco Kurniawan) é um jovem estudante de arquitetura, que está fazendo pós graduação e com sonhos de abrir um escritório com sua namorada Maurin (Amanda Rawles). Moko mora na casa com sua irmã grávida e seu cunhado, além de 3 sobrinhos: Woko, Nina e Ano. Quando seu cunhado morre de ataque do coração, sua irmã dá a luz no mesmo dia e morre no parto. Moko entra em um dilema: continuar os estudos ou abdicar de todo seu sonho profisisonal e cuidar de seus 4 sobrinhos, menores de idade.
O filme fala sobre altruísmo, pessoas que vivem para fazer o bem, enquanto existem pessoas exploradoras que decidem praticar o mal. O filme apela para sentimentaismo, e o fundo do poço vai cada vez apertando mais. Porém, o ótimo trabalho de todo o elenco sustenta o interesse do espectador. O protagonista Chicco Kurniawan é bastante carismático e seu olhar de tristeza e seu sorriso cativam pela sensibilidade.
Été 96
"Été 96", de Mathilde Bédouet (2023)
Melhor animação no prêmio César francês 2024, "Été 96" é co-escrito e dirigido pela cineasta francesa Mathilde Bédouet. Inspirado em suas memórias de infância quando passava as férias com seus pais e irmão na Ilha CAllot, Mathilde reviu fitas VHS de suas viagens de infância e escreveu o roteiro junto de seu irmão.
Com belíssimos traços feitos em lápis de cor, o filme apresenta Paul, um menino de 10 anos, que passa as férias na Ilha Callot com seus pais, sua irmã e amigos. Logo descobrem que a maré está subindo e que seu pai viu errado a tábua. Eles ficam presos e não conseguem acesso à estrada, tendo que pernoitar na praia.
Uma história simples, narrada quase que como em um filme lúdico de Eric Rohmer, e com um visual impressionista. Uma metáfora sobre o coming of age.
domingo, 27 de julho de 2025
I Could Just Die and That Would Be All Right
"I Could Just Die and That Would Be All Right", de A.K. Espada (2023)
Escrito e dirigido pela cineasta americana A.K. Espada, "I Could Just Die and That Would Be All Right" se apropria do gênero terror para fazer uma metáfora sobre depressão e suicídio. Uma mulher (Courtney Locke), casada com seu marido (Chris Mayers) está em profunda depressão. Seu marido faz de tudo para tentar animá-la ou tirá-la da tristeza, sem sucesso. Toda madrugada, ela decide correr no entorno de sua casa, que fica no meio de uma floresta, isolada. EXiste uma lenda urbana de um animal na floresta, chamado Bone cat, que é meio zumbi, meio vampiro. Ela decide se entregar para ele e assim, poder morrer. Para a sua surpresa, no dia seguinte, ela se transformou em uma morta-viva. Chegando em casa, ela morde seu marido no pescoço, sugando seu sangue. Ele se assusta, e ela foge. O marido a recebe, e dessa vez, ele deixa que ela sugue um pouco de seu sangue de cada vez.
O filme começa com uma cartela alertando sobre altas taxas de suicício, e um telefone de contato. O filme deixa claro a importância de ter alguém próximo que possa tentar tirar a pessoa suicida so fundo do poço. É um filme de boas intenções, com produção modesta e bons atores.
The dogs
"The dogs", de Valerie Buhagiar (2025)
Excelente drama sobrenatural, com tintas de horror fantástico. Premiado em diversos festivais de gênero, "The dogs" é dirigido pela cineasta canadense Valerie Buhagiar, a partir do romance escrito por Allan Stratton, inspirado em sua história real. Seu pai abusou com violência contra ele e sua mãe, e foi seu padrasto que o ajudou a se recuperar do trauma.
Cameron (Donovan Cole, excelente), é um adolescente traumatizado pelos maus tratos de seu pai contra ele e sua mãe, Catarine (Kathleen Munroe), Os dois passam a vida fugindo dele, e após Caterine acreditar que ele os encontrou, ela decide ir para a área rural, alugando uma fazenda. Caterine consegue emprego como recepcionista de uma loja. Cameron sofre bullying na escola. Em casa, ele começa a ter visões de um garoto, Jacky (Asher Grayson), que ele descobre ter morado na casa há 40 anos atrás. Caterine acredita que Cameron está com transtorno mental.
Enquanto isso, Cameron continua tendo visões de um crime violento ocorrido na casa.
Se apropriando do terror para falar do tema do feminicídio e violência doméstica, a cineasta Valerie Buhagiar realiza um ótimo filme. Com ritmo lento, mas smepre instigante, o filme tem excelentes performances do elenco e uma fotografia e trilha sonora que intensificam a atmosfera de suspense iminente.
Toxic
"Akiplesa", de Saule Bliuvaite (2024)
Vencedor do Leopardo de Ouro no prestigiado Festival de Locarno 2024, o drama lituano 'Toxic" é um coming of age que faz lembrar a crueza dos adolescentes de 'Kids", de Larry Clark: s3xo, drogas, álcool, pais desajustados, angústia, bullying e um futuro sem perspectiva para uma geração frustrada e totalmente desassistida.
Marija (Vesta Matulytė), de treze anos , sofre bullying na escola, por mancar de uma perna. Sua mãe a deixou com sua avó, que mora em uma cidade industrial entediante. Quando sua calça jeans é roubada, ela acusa a estudante Kristina (Ieva Rupeikaitė) de tê-la roubado, e brigam na rua. As duas se reencontram ao acaso em uma agência de modelos. Logo elas se tornam melhores amigas. Elas querem estudar na escola e viajarem pelo mundo e poder sair da cidade que tanto odeiam. Mas para tirar fotos e faezr book, precisam pagar um valor alto em dinheiro.
O roteiro foi escrito pela própria diretora, Saule Bliuvaite, baseado em suas memórias de adolescência, quando queria ser modelo. Saule faz uma crítica à cultiura do corpo e estética perfeita, e no filme, as meninas são obrigadas a passar fome e a comer ovos de tênia. É um filme pessimista, e para quem gosta de sofrer e ficar com angústia, é prato cheio. as duas atrizes principais são ótimas, e li que a diretora levou 2 anos em busca de atrizes para interpretar as duas protagonistas.
Manas
"Manas", de Marianna Brennand (2024)
Premiado no Festival de Veneza com o Giornate degli Autori Director's Award, "Manas" é co-escrito e dirigido pela cineasta brasilense Marianna Brennand. Com produção associada dos irmãos belgas Pierre e Jean Luc Dardenne e do cineasta Walter Salles, Marianna, que é sobrinha neta do artista plástico pernambucano Francisco Brennad, se inspirou a fazer o filme após uma conversa com a cantora Fafá de Belém. Fafá comentou sobre a triste realidade da Ilha do Marajó, no Pará, onde meninas eram induzidas a entrar no mercado da prostituição. Marianna faz do filme uma trágica denúncia sobre abusos domésticos e a realidade das balsas, onde as meninas seguem para serem comercializadas. Claudio Assim já havia tocado nesse tema em "Baixio das bestas", também com Dira Paes, que aqui interpreta a policial Aretha, uma agente que faz de tudo para inibir casos de prostituição infantil e ajudar as meninas e encontrar uma realidade distante do mercado do s3xo. A protagonista é Tielle (Jamilli Correa), 13 anos, filha de Marcílio (Rômulo Braga)e Danielle (Fátima Macedo). Com 3 irmãos ( a mais velha, Claudia, foi embora para a cidade grande), a família vive do açaí. O pai leva Tielly para caçar, somente os dois, onde ele se aproveita para abusar da jovem. Quando Tielly decide fazer sua carteira de identidade, a policial Aretha entende os códigos em Tielly, e procura ajudá-la.
O filme é trágico do início ao fim, tendo a viol6encia física e moral uma constante. O elenco é excelente, mostrando talentos artísticos de atores d aregião norte.
sábado, 26 de julho de 2025
Looky Loo
"Looky Loo", de Jason Zink (2025)
Um foud footage sobre um serial killer que sai às ruas caçando mulheres para matá-las. "Looky Loo" tem 83 minutos e se resume à uma câmera em 1a pessoa, onde jamais vemos o rosto do assassino, que passa o filme todo caminhando por ruas aleatórias, stalkeando mulheres, invadindo seus domicílios e as assassinando, seja por sufocamento, à facadas ou navalhadas. O filme tem um roteirista, Nolan Mihail, mas que na verdade, nem precisaria ter o crédito. O filme não tem diálogos, e a câmera é subjetiva da forma mais repetitiva e óbvia possível. Uma tantativa muito frustrada de fazer referências a dois clássicos cults da violência extrema, "Maníaco' e "As fitas de Poughkeepsie ", "Looky Loo" é o nome do protagonista, supostamente um cineasta indie que vai em busca de sua atriz ideal para o seu filme. Para quem busca um terror, esse filme não oferece tensão, viol5encia, muito menos uma história interessante. Um tédio absoluto.
Pretty thing
"Pretty thing", de Justin Kelly (2025)
Diretor que realizou os filmes queer 'King Cobra" e "Jt Leroy", Justin Kelly realiza um thriller erótico que remete ao clássico "Atração fatal", mas com gênero investido. Dessa vez, é o homem quem skalteia e ameaça a personagem feminina.
Durante um evento, uma poderoa executiva de marketing, Sophie (Alicia Silverstone) flerta com um garçom sedutor, Elliot (Karl Glusman, de "Love", de Gaspar Noé). ela o leva para seu quarto e transam. o romance continua por um período, mas por conta de seu trabalho e outras prioridades, Sophie termina seu relacionamento. Mas Elliot não aceita o fim e decide que quer manter o caso, mesmo à força.
Rodado nos Estados Unidos e Paris, o filme tem uma boa produção, mas o seu roteiro bastante óbvio e trazendo pautas femininas envolvidas em uma sociedade machista e de masculinidade tóxica, faz com que a personagem femnina tenha que aaprender a se defender, incluindo aulas de luta. Um curioso passatempo, com cenas de sexo bem discretas (bem distante de "Love"), e que pode ser um atrativo para fãs de Alicia Silverstone.
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Azul de niño
"Azul de niño", de Raúl Guardans (2025)
Comédia dramática Lgbtqiap+ espanhola, "Azul de nino" apresenta um triângulo amoroso. Natalia (Eva de Luis) é casada com Ernesto (Tony Corvillo) e há tempos ela deseja um filho. mas Esnesto mal tem tempo para casar em casa, dedicando seu tempo ao trabalho. ela descobr eum telefone nas coisas de Ernesto e decide ligar, acreditando se tratar de uma amante, marcando para um encontro em sua casa, se passando por Ernesto. Para sua surpresa, ao abrir a porta, surge um rapaz, Daniel (Raul Guardans), que s erevela ser o amante de Ernesto, além de ser garoto de programa. Natalia recebe um telefonema do hospital dizendo que Ernesto sofre um derrame e está na Uti, mas ao chegar lá, descobre que Daniel também está ali.
Dirigido, escrito e protagonizado por Raul Guardans, que interpreta Daniel, 'Azul de nino" tinha tudo para ser um filme emocionante e que discutisse a vida dupla do marido infeliz e que precisava se libertar, e também falar sobre a infidelidade e traição em um relacionamento. Mas os diálogos e as situações não envolvem e carece de humor, já que o filme se vende como comédia dramática. São poucos os filmes onde quem escreve, dirige e atua em produções independnetes funcionam de fato.
A velha com a faca
"Pagwa", de Kyu-dong Min (2025)
Um filme de ação no etsilo "John Wick" com uma assassina de aluguel de 65 anos? Mas é claro que eu iria assistir ao filme! Concorrend no Festival de Berlim 2025 em mostra paralela, essa produção sul corena me fez lembrar no início do cult "Lady snowblood", sobre uma assassina de aluguel com muita habilidade nas lutas e uso de facas e espadas. Baseado no romance homônimo de Gu Byeong-mo, "a velha com a faca" apresenta a protagonista Hornclaw em 2 épocas: em 1975, ainda uma menina órfã moradora de rua, resgatada por um casal ao v6e-la morrendo de frio. O Casal é dono de um restaurante. Hornclaw acaba trabalhando para o casal, feliz. Mas quando ela é atacada por um soldado americano que quer abusar dela e ela o mata, o marido, Ji-wo, revela fazer parte de uma organização secreta que mata bandidos e pessoas que praticam o mal. Após Ji Wo, sua esposa e filho serem mortios, Hornclaw se torna uma assassina profisisonal da organização. Nos dias de hoje, já idosa, ela continua em ação, mas cansada, deseja se aposnetar. Mas ela é procurada por um rapaz, Bullfight, que quer que ela o treine.
Com o trabalho das duas excelentes atrizes que interpretam Hornclaw nas duas fases, o filme traz ótimas cenas de luta e ação. A história em si não traz muitas novidades, somente o fato da protagonista ser de idade.
quinta-feira, 24 de julho de 2025
Else
"Else", de Thibault Emin (2024)
Premiado body horror co-produzido por frança e Bélgica, "Else" é co-escrito e dirigido por Thibault Emin. A premissa me fez lembrar de "Juntos", body Horror com Dave Franco e Allison Brie dirigido por Michael Shanks. Com uma narrativa complexa, confusa e experimental, o filme apresenta Anx (Matthieu Sampeur) , um morador de um apartamento. Ele tem um one night stand com Cassandre (Edith Proust). O romance dos dois segue por alguns dias, até que um vírus infesta o mundo. Os efeitos colaterais fazem com que as pessoas se dissolvam e se mesclem à qualquer superfície. Com a quarentena, Cassandre vai morar com Anx, mas aos poucos, os vizinhos se fundem ao prédio, e resta a Anx e Cassandre entenderem o que está acontecendo.
Adaptado de um curta que o diretor filmou em 2007, "Outro", o que exclui a óbvia co-relação a vírus da Covid. O filme tem ótima fotografia e trabalho de câmera, além de uma direção de arte que traz uma paranóia ao personagem de Anx, que vê tudo se dissolvendo. Não curti muito o filme, pois do meio em diante ele entra numa viagem lisergica e muito metafórica e existencial.
Sad jokes
"Sad jokes", de Fabian Stumm (2024)
Premiado drama queer alemão, "Sad jokes" é escrito, dirigido e protagonizado por Fabian Stumm. Ele interpreta Joseph, um diretor de cinema assumidamente gay, que teve um filho com sua melhor amiga, Sonya (Haley Louise Jones). No entanto, Sonya é depressiva e tem transtornos mentais. A mãe dela e Joseph decidem interná-la, contra a vontade dela. Joseph deseja escrever um roteiro de comédia para filmar, mas a sua vida pessoal, que inclui relacionamentos mal resolvidos com seu ex-namorado e um flerte com um modelo, acabam enterrando qualquer possibilidade de fazer o filme.
"Sad jokes" tem uma narrativa estranha: começa com sketches de pessoas contando piadas bobas. Daí apresenta Joseph e as suas histórias com as pessoas com quem se relaciona. A forma como ela filma as cenas são geralmente em planos fixos e longos, como se fossem sketches. O filme tem um formato frio, e causa estranheza pois é vendido ao público como uma comédia, o que definittivamente não é.
quarta-feira, 23 de julho de 2025
Dangerous animals
'Dangerous animals", de Sean Byrne (2025)
Aclamando pela crítica como uma mistura ousada e inusitada entre "Tubarão" e 'O silêncio dos inocentes", "Dangerous animals" tem um feito extraordinário: é um dos raros filmes de terror a competir no Festival de Cannes, na prestigiada mostra Quinzena dos realizadores, ainda mais se pensarmos que é um filme sobre tubarões assassinos e serial killer. Uma má campanha pubicitária certamente poderá destuir a carreira do filme, pois parte do público poderá torcer o nariz achando ser mais um genérico de tubarões. O filme vai na tradição de excelentes filmes de terror australianos, como "Wolf creek" e "The Babadook". Auxiliado por um time de excelentes atores, com um ótimo vilão e uma carismática mocinha, "Dangerous animals" surpreende pela coragem de se produzir um filme que misture uma trama de tubarões assassinos, surfistas e serial killer absolutamente cruel e brutal.
Zephyr (Hassie Harrison) é uma jovem surfista que decide pegar ondas na Austrália. Solitária e independente, ela conhece Moses ((Josh Heuston)) em uma lanchonete. Após uma noite juntos, ela arte sozinha para pegar onda de madrugada. Mas seu caminho se cruza com Tucker (Jai Courtney), um piloto de barco que aluga para turistas fazerem passeios atrás de tubarões. Acontece que Tucker é ums erial killer que sequestra mulheres para jogá-las aos tubarões.
A trama parece ser bizarra, mas a sua condução, direção e o roteiro que faz o espectador se contorcer na cadeira são uma aula de como se fazer um bom thriller.
Amores materialistas
"Materialist", de Celine Song (2025) Distribuido pela A24, 'Amores materialistas" é o 2o longa de Celine Song, seguido do grande sucesso de "Vidas passadas". Novamente trazendo um triângulo amoroso, Celine escreveu a história em cima de suas experiências pessoais como casamenteira de uma empresa em Nova York. Vendido como uma comédia romântica, o filme acaba se aprofundando em um drama reflexivo sobre empoderamento feminino e sobre relacionamentos tóxicos, deixando toda a 2a e 3a parte do filme bastante densa e dramática. Ambientada no mundo luxuoso da alta sociedade, através do personagem de Harry (Pedro Pascal) contrastando com a classe assalariadaque precisa dividir um apartamento com outros roommates, através do personagem de John (Chris Evans). Completando o triângulo, está Lucy (Dakota Johnson), uma casamenteira de uma agência de namoros da elite chamada 'Adore", que já namorou John, mas por ele ser pobre, ela o abandonou. Conhecendo Harry durante uma festa de casamento de uma das clientes (ele é irmão do noivo), Lucy se encanta de imediato: ele é rico, bonito, viajado. mas quando uma das suas clientes é abusada sexualmente por um dos pretendentes, Luxy repensa toda a sua trajetória como mulher e como casamenteira. O filme é correto, é bonito, os atores estão ótimos. Senti falta de uma leveza na história, mas Celine Song decidiu apostar em um drama onde, através das agências de encontros de namoro, ela discute o papel da mulher , suas questões e vulnerabilidades.
terça-feira, 22 de julho de 2025
Saint Clare
"Saint Clare", de Mitzi Peirone (2024)
Premiado no LA Independent Women Film Awards com melhor diretora e roteiro para Mitzi Peirone, "Saint Clare" é um terror psicológico adaptado do romance homônimo de Don Roff. No elenco, além da protagonista Bella Thorne, no papel de Clare, o filme traz 2 ícones do terror dos anos 90: Rebecca de Mornay de "A mão que balança o berço", no papel da avó Gigi, e Ryan Philippe, de "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado", no papel do detetive Timmos.
Clare é uma estudante universitária que vive com a avó Gigi. Seu pai a abandonou quando criança e sua mãe faleceu quando ela era adolescente.
Católica, Clare na verdade é uma serial killer, que mata homens tóxicos e predadores. Na sua cidade, diversas garotas estão desaparecendo, trazendo um outro sub-plot, que é o de tráfico de mulheres. O detetive Timmons surge para tentar solucionar os casos.
O filme tem uma estrutura muito confusa, flashbacks que mais atrapalham do que esclarecem, e um epílogo totalmente sme sentido e desconecado. Todo o elenco está mediano e no automático no filme, que não empolga nem assusta.
segunda-feira, 21 de julho de 2025
The great yawn of history
"Khamyazeye bozorg", de Aliyar Rasti (2024)
Prêmio especial no Festival de Berlim 2024, "The great yawn of history" é um drama iraniano escrito e dirigido por Aliyar Rasti, em seu longa de estréia. O filme remete à obra-prima de John Houston, 'O tesouro de Sierra Madre", com sub-temas que retratam o desemprego entre jovens no Irã e o fanatismo religioso.
Beitollah (Mohammad Aghebati), um homem de meia idade, sonha que ao entrar em uma caverna, ela encontra uma caixa repleta de moedas de ouro. O problema é que ele não sabe exatamente qual é a caverna. Por ser religiso, segundo as tradições iraniana, ele não pode entrar na caverna para buscar o tesouro, e sim, uma pessoa descrente. Beitollah entrevista deiversos jovens desempregados para saber qual é a pessoa perfeita para ser seu assistente e junto, perambular pelas várias cavernas do Irã e poder entrar por ser um não religioso. Ele acaba escolhendo Shoja (Amirhossein Hosseini), um jovem com um passado traumático e decsrente de tudo e de todos. As cavernas que eles vão acabam sendo improdutivas, e obcecado, Beitullah arrasta Shoja pela área desolada e rural do Irã.
Os dois atores são excelentes, e o ator que interpreta o jovem Shoja tem um trabalho impecável de construção corporal e de olhar. As locações distantes e desertas ampliam a sensação de solidão e tragédia eminente. O final me deixou irritado, pois é totalmente em aberto, e prejudicou a minha experiência com o filme.
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