quarta-feira, 30 de abril de 2025

Bob Trevino likes it

"Bob Trevino likes it", de Tracie Laymon (2025) O que o simpático "feel good movie" "Bob Trevino likes it" tem de melhor, é reconhecer o grande talento do ator colombiano John Leguizamo, qie já trabalhou em grandes produções, como "Moulin rouge", "Para Wong Foo", "A era do gelo", entre outros. ELe é coração do filme, que certamente fará todo mundo chorar no final. O filme ganhou os prêmios de melhor filme do juri e melhor filme do público no SXSW 2024. O roteiro, escrito pela diretora Tracie Laaymon, é baseado em história real. Ao procurar por sue pai no Facebook, ela se deparou com um homônimo de seu pai, e acabou contactando e se tornando amigo dele. Ambientado em Kentucky, o filme apresenta a jovem Lilly Trevino (Barbie Ferreira, a Kat de "Euphoria"). Órfã de mãe, que era drogada, Lilly está em momento ruim de sua vida: seu namorado terminou o relacionamento, e seu pai, Robert Trevino (French Stewart), não lhe dá a mínima atenção. Lilly mora sozinha e é cuidadora, tomando conta da cadeirante Daphne (Lauren Spencer). Lilly é carente e necessita de atenção. Quando ela aceita uma proposta de seu pai, de ir junto jantar com uma mulher que ele conhecer online, Lilly a confunde com outra homem e tudo dá errado. Seu pai fica furioso e pede que ela desapareça. Lilly se sente culpada e coma. recusa de sue pai de atender o celular, ela decide mandar mensagem no Facebook dele. mas ao pesquisar o nome, ela descobre que existe um homônimo dele. Achando se tratar de um parante, ela envia uma mensagem. Bob Trevino (Leguizamo) é casado com Jennie e é um homem triste. O filho do casal morreu por conta de uma doença hereditária herdade dele, e ele acaba se tornando um "pai" para Lilly. O filme é correto, tem ótimas performances e cenas foffas e outras dramáticas. Não sei se mereceu os prêmios principais do SXSW, até porque é um filme bem óbvio. Mas a sua simpatia e humanismo acaba conquistando o espectador.

Landline

"Landline", de Dele Doherty (2025) Raro filme vindo da Nigéria que apresenta um thriller de suspense no formato de loop temporal, "Landline" é uma produção eficiente que foi rodado em 8 dias, em baixo orçamento. existem 2 cenários: um esconderidoo em um apartamento, onde está localizado o sargento militar Kola (Gabriel Afolayan). Seus superiores o esconderam pois ele está sendo ameaçado de morte. Uma voz misteriosa liga para ele dizendo que sua esposa, Shalewa (Zainab Balogun), que está grávida, será morta em casa, onde ela está sozinha. A esposa liga para Kola na sequência querendo saber como ele está. Kola não acredita no telefonema misterioso, até que um mascarado entra na casa dela e a mata com um tiro na testa. Solawa se desespera ao ouvir tudo pelo telefone. Mas de repente, o telefone liga com a mesma voz misteriosa dizendo que a esposa será assassinada, a esposa liga na sequência, sendo morta em seguida. Kola entende que existe um loop temporal e a cada morte da esposa, ele tentará encontrar uma solução para que ela se salve. O filme de terror encontro no loop temporal um sub-gênero. Vide "A morte te dá parabéms", ou 'Until dark". O filme é bem sádico e misógeno, mostrando a esposa, grávida, sendo morta uma dezena de vezes com requinte de crueldade. O filme nunca explica o porquê do loop. No entanto, por ser um filme da Nigéria, e de certa forma, bem realizado e com bons atores, vale assistir pela curiosidade.

Death of a unicorn

"Death of a unicorn", de Alex Scharfman (2025) Concorrendo no SXSW 2025, "Death of a unicorn" foi escrito e dirigido por Alex Scharfman e produzido pela A24. Filmado em Budapeste, o filme foi comparado por diversos críticos como um 'Jurassic park" de orçamento menor. Com um elenco de peso, a trama traz unicórnios com duplas personalidades: os animais bonzinhos que encantam as pessoas, ou seres monstruosos e assassinos, que não hesitam em matar de forma violenta para salvar sua cria. Imaginem o que aquele chifre não faz, é mais mortal que o facão do Jason. Além disso, eles estouram cabeças com suas patas pesadas, são carnívoros, arrancam vísceras, mutilam e muitas outras atrocidades que o filme faz questão de mostrar com muito gore. O gênero é indefinido: tem quem veja como uma sátira à luta de classes. Ou terror, ou ação e aventura, ou uma parábola. O que de fato sustenta esse filme duvidoso, é o seu elenco forte: Paul Rudd, Jenna Ortega, Richard E.Grant, Will Poulter, que dão credibilidades aos personagens. A trama é singela, e claro, os vilões são gananciosos. A órfa Ridley (Ortega, de novo naquela mesma persona dark e mal humorada)viaja com seu pai, Elliot (Rudd), até a mansão isolada na floresta do patrão, Odell (Grant), que mora com sua esposa, Bellinda, e seu filho, Shepard (Poulter). Ainda na estrada, ele atropela um jovem unicórnio. Agonizando, Elliot decide matá-lo e coloca seu corpo no porta malas. Ao encostarem no sangue azul do animal, a acne de Ridley e a alergia de Elliot desaparecem. Odell, que está morrendo de cancer, descobre sobre o unicornio e chama uma equipe médica para preparar uma injeção baseada no chifre e no sangue do animal. Seu cancer desaparece, e Odell decide comercializar o sangue do animal. Mas os pais do unicórnio surgem para se vingar. Como qualquer filme da A24, a gente nunca sabe qual o público alvo. A trama é simples, mas a violência do filme impedirá que seja visto por crianças. Será que adultos querem ver filmes com unicornios? Enfim, dúvidas. O que sei é que acei o filme médio, com efeitos CGI bem ruins.

terça-feira, 29 de abril de 2025

Um dia daqueles

"One of them day", de Lawrence Lamont (2025) Dirigido por LAwrence Lamont com texto da roterista Syreeta Singleton, "Um dia daqueles" é uama comédia que lembra filmes como "After hours", de Martin Scorsese, que acontecem em um único dia e onde as protagonistas vão acabar cada vez mais entrando num beco sem saída. Muitas situações de comédia catástrofe, bizarrices, porradaria, tiros e confusões na vida das melhores amigas Dreux (Keke Palmer) e Alyssa (SZA) dividem um apartamento alugado em Los Angeles. Dreux é garçonete e Alyssa sonha em ser artista plástica. O namorado de ALyssa, Keshaw, mora junto no apartamento. Quando o locatário surge cobrando o aluguel do mês que está atrasado, elas descobrem que Keshaw gastou o dinheiro em uma empresa de camisetas. O locatário lhes dão até as 18 hrs para arrumarem o dinheiro, senão irão pra rua. Elas tentam de tudo para decsolar o dinheiro, e quando menos percebem, todo mundo vai atrás dela, incluindo traficantes. O filme tem um ritmo bastante dinâmico e o roteiro de Syreeta Singleton faz as protagonistas se ferrarem cada vez mais, dá muita pena delas. As duas atrizes são carismáticas e seguram bem a história. O maior mérito do filme é ser contado pelo protagonismo negro, tanto na direção, roteiro e majoritariamente, o elenco.

Kisses

"Kuchizuke", de Yasuzô Masumura (1957) Clássico japonês do premiado cineasta Yasuzô Masumura, é considerado o precursor da "New wave" no Japão, um movimento que surgiu apos a Nouvelle vague francesa e que trouxe temas sociais para os filmes japoneses. O filme é baseado no romance de Matsutarō Kawaguchi. Kinichi é um estudante que vai visitar o seu pai em uma prisão em Tokyo. O pai foi preso por fraude nas eleições. Ali, Kinichi conhece Akiko, que também veio visitar seu pai que foi preso por dívidas, e cuja mãe esta no hospital doente. Ambos precisam de 100 mil ienes para pagarem a fiança de seus pais, mas não têm o dinheiro. Ao saírem, passam o dia juntos, na praia e em uma festa. De noite, se separam. Kinichi e Akiko tentam conseguir dinheiro de todas as formas. Akiki decide aceitar um dinheiro emprestado de Osawa, um homem que tenta assediá-la faz tempo. Belamente fotografado em preto e branco, "Kisses" de fato parece um filme da Nouvelle Vague, seguindo toda a sua cartilha. As cenas de envolimento entre Kinichie. AKiko durante o dia, em seu passeio, são belas e exalam um romantismo ingênuo, comovente. O final é arrebatador.

Holy shit

"Ach du Scheisse!", de Lucas Rinker (2022) Longa de estréia do cineasta e roteirista alemão Lucas Rinker, "Hollyshit" vem na tradição de filmes que acontecem em um único ambiente confinado e claustofóbico, como "Enterrado vivo". O arquiteto Frank (Thomas Niehaus) acorda em um banheiro químico, que se encontra em um terreno que irá ser explodido em 1 hora. Seu braço está preso em uma ferragem. Seu celular está ;pnge. Ele tenta entender o que ele está fazendo ali, e de alguma forma, pedir ajuda a alguém. Repleto de suspense, ação, humor negro e muito gore e violência, o filme me fez lembrar de um filme obscuro de Sam Raimi dos anos 80, "Dois heróisbem trapa;hões", que a gente não sabia se ria ou se ficava tenso. O outro ator, Gedeon Burkhard, que interpreta um candidato a prefeito, Horst, está em uma atuação caricata que tem a ver com o filme de Sam Raimi. Lucas Rinker, o diretor, vai num nível de insanidade no filme, e a parte final é totalmente bizarra, com personagens que vão surgindo e um gore que literalmente estouro e explode na tela.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

A lenda de Ochi

"The legend of Ochi", de Isaiah Saxon (2025) O filme é esquisito, estranho, bizarro. Ah, ok, é produzido pela A24, então faz sentido. A pergunta que faço é: qual é o público alvo de um filme que traz referências a 'Et, o extraterrestre", Gremlins", "Okja" e "Mickey 17", ambos de Bong Joon-ho, sendo que a trama é dirigida como sendo um filme arte e feito para cinéfilos? Me fez lembrar "Onde nascem os monstros", de Spike Jonze, de 2009, que sofreu também desse mal. Uma trama ingênua, mas que não atende ao público infantil e nem ao adulto. Co-produzido pelos Estados Unidos, Finlândia e Reino Unido, o filme foi todo rodado em região montanhosa da Romênia, que lembra até as locações da Nova Zelândia em "o Senhor dos aneis". O elenco traz Emiliy Watson ( com uma peruca esquisitíssima), Willen Dafoe, Finn Wolfhard ( o Mike de "Stranger things") e Helena Zengel, no papel da protagonista Yuri. O filme se passa na fictícia ilha de Carpathia. Ali as pessoas vivem uma vida normal, com todos os tipos de conforto da cidade grande. Mas toda a população foi criada a educada para odiar e matar os Ochi, criaturas que vivem na floresta. Maxim (Dafoe) é quem treina os meninos da ilha a usarem suas armas e a matarem os Ochi na floresta. Maxim tem 2 filhos: Petro (Wolfhard) e Yuri. Yuri é obrigada a faezr parte do grupo que entra na floresta para matar os animais fofos (parecidos com os Ewoks). Mas quando ela encontra um filhote de Ochi, ela se comove e o leva com ela dentro de sua mochila, para cuidar dele. Ela consegue se comunicar na língua dele ( sua mãe, Dasha (Watson) anandonou a família quando ela era menor e a ensinou a falar a língua dos Ochi). Após ficar bm, Yuri decide levar o filhote de volta para a sua família, mas Maxim descobre que vai atrás dela. A fotografia do filme, de Evan Prosofsky, é excelente. O desenho dos Ochi é muito bom, são criaturas muito fofas que lembram Gremlins mesclados aos Ewoks. O filhote é muito bem feito. Mas o que mais amei no filme, que tem um ritmo muito lento e que deve encher o saco da garotada, é a excelente cena ambientada no supermercado. Uma pena que o filme como um todo não acompanhe essa cena, que é um primor em todos os níveis.

Armed

"Armed", de Neil Mackay (2025) Um ótimo filme B que homenageia os filmes dos anos 80 com cyborgs assassinos. "Armed" é uma produção de baixo orçamento mas muito bem realizado, que traz uma trama somente com elenco masculino, emulando os filmes de brucutus violentos que fizeram muito sucesso, distribuindo pancadas e dando tiros e explodindo bombas. Bill Mosely (Rick Amsbury) é um ex soldado de elite do exército americano que descobre que um carregamento com armas do exército está chegando. Ele é procurado por um poderoo para roubar o carregamento, em troca de dinheiro. Frustrado que o governo não lhe deu uma boa aposentadoria, Bill junta um grupo de amigos de ex soldados para juntos, roubarem a carga. Mas eles não imaginavam que no meio da carga, existe um robô da era da Guerra Fria que os persegue, determinado a completar sua missão, qe é a de explodir tudo e matar quem o impedir. Para quem é fã de filmes de ação com bastante porradaria, bomba, tiros, gore, tripas, cabeças explodindo, mutilação, vai se esbaldar. O filme homenageia "Alien, o 8o passageiro", "Predador" e até mesmo slashers, como se o robô fosse Jason perseguindo os soldados na floresta. Eu me diverti bastante.

Um mundo menos pior

"Um mundo menos peor", de Alejandro Agresti (2006) Prêmio especial no Festival de Veneza 2004 e Vencedor de 3 importantes Kikitos no Festival de Gramado 2005, na competição latina: melhor filme, melhor diretor e melhor atriz para Julieta Cardinali ( que está ótima como Sonia. Mas quem merecia mesmo era Monica Galan no papel de sua mãe). O filme é um drama muito comovente (a cena final me acabei de chorar) sobre uma mulher, Isabel (Mónica Galán) que após 20 anos, descobre que seu marido, Cholo (Carlos Roffé), que ela acreditava ter morrido na ditadura, está vivo e mora em uma cidade pequena chamada San Caeytano. Ela decide seguir para lá com suas duas filhas: Sonia (Julieta Cardinali), já adulta, filha de Cholo, e a pequena Beba ( Agustina Noya ), filha de outro homem. Cholo trabalha em uma padaria. Mas ao procurá-lo, ele não a reconhece. Isabel insiste em falar com ele, mas ele diz que não a conhece. É um filme primoroso em todos os aspectos: direção, roteiro, atuações, fotografia e uma trilha sonora envolvente e muito linda. A cena final, que acontece em um restaurante, é um primor de realização. O roteiro deixa o espectador em dúvida em boa parte do filme se Cholo é de fato marido de Isabel ou se ela está enganada, e isso deixa o espectador torcendo muito pela felicidade de todos.

Tudo termina aqui

"Svemu dodje kraj", de Rajko Grlic (2024) "Tudo Termina Aqui" é uma adaptação do romance "À Beira da Razão", de Miroslav Krleza, considerado o maior escritor croata do século XX). A história, ambientada no livro em 1938, foi atualizada para os dias de hoje. Co-produzido pela Croácia, Bulgária, Sérvia e Montenegro, o filme é um tenso drama com elementos de suspense político, e que traz um final violento, trazendo referências aos clássicos "Lady Vingança" e "Morte no Expresso oriente". Maks Pinter é um advogado rico e bem sucedido de Zagreb, capital da Croácia. Há mais de 20 anos, ele e seu colega do escritório de adocacia defendem um poderoso magnata, Dinko Horvat. Todas as acusações contra ele, Maks conseguiu defendê-lo no tribunal. Durante uma festa na mansão de Horvat, Maks, bêbado, acaba dizendo a verdade: que Horvat matou dois empregados à sangue frio. A esposa de Maks pede divórcio, seus clientes o abandonam e as portas se fecham para Maks, que também é ameaçado por Horvat. A única pessoa que o ajuda é Nina, uma namorada da época de faculdade que ainda nutre paixão por Maks e que arrisca a sua vida para ajudar a derrubar Horvat. Um ótimo filme, com uma trama que trabalha a questão da luta pelo Poder e que funciona como uma metafora da guerra da Croácia. Os atores são todos excelentes, a trama vai ficando tensa e de fato, o espectador torce pelos dois protagonistas, Maks e Nina, que são bastante carismáticos. A cena final em uma fábrica abandonada é brilhante.

domingo, 27 de abril de 2025

On the go

"On the go", de Julia de Castro e María G. Royo (2023) Esse drama erótico Lgbqtaip+ espanhol ficou famoso nas redes sociais por trazer cenas de nudez frontal do ator Omar Ayuso, que esteve na série 'Elite". O filme foi premiado no Festival de Locarno e traz uma linguagem experimental para narrar as aventuras eróticas em busca de prazer e maternidade de 2 amigos: A Dj Milagros ( a diretora e roteirista Julia de Castro), que viaja de carro com seu memlhor amigo gay Jonathan (Ayuso). Eles pegam um carro antigo Covair 67 e fazem um road movie que cruza a Andaluzia, entre Sevilha e Cadiz. Ao entrarem em um aquário, eles conhecem uma sereia que segue com eles na viagem e formam um menage a trois. Ao decsobrir que Jonathan marca encontros pelo Grindr, Milagros, que está em crise de idade e quer engravidar enquanto está em período de fertilidade, decide aproveitar esses encontros amorosos do amigo e colher esperma. O filme é estranho, muitas vezes uma bagunça narrtiva. Para os voyuers, o interesse será ver Omar Ayuso em nu total e partipando d eousada cena de orgia com dversos homens. No mais, é um filme bem chato.

Os três reis

"Os três reis", de Stephen Phil (2023) Escrito e dirigido por Stephen Phil, "Os três reis" é uma comédia dramática brasileira que segue o caminho narrativo de outras comédias que lidam com o gênero do road movie para apresentar irmãos que não se vêem há tempos e são obrigados a resolver as suas diferenças, como "Minha irmã e eu" e "Saideira". Rodado no lindo muncípio de Santa Branca em São Paulo, no vale do Paraíba, o filme traz uma fotografia exuberante de Elder Koji Koji Ogasawara enaltecendo todas as cores da região, tanto na arquitetura quando nos arredores repletos de verde. Três irmãos, Gaspar (Giovani Venturini), um mecânico de carros, Belchior (Rodrigo Dourado), enfermeiro gay e casado e Baltazar (Murilo Meola, também produtor executivo), que está preso por defender sua mãe. Alzira (Lucélia Machiavelli, excelente, trazendo uma homenagem em sua composição à Miriam Muniz), mãe dos três, passa mal e é hospitalizada. Ela faz um pedido: que os irmãos sigam juntos em busca do pai deles, um cantor sertanejo que os abandonou, Roy (Eduardo Araujo, ídolo da jovem guarda). O filme traz o que se espera: drama, humor e bons atores. O roteiro não traz muitas novidades, mas é bastante honesto na sua busca por humanidade ao tracejar as caracteristicas da família desajustada que encontra paz e amor quando estão juntos.

Vitória

"Vitória", de Andrucha Waddington (2025) Dois filmes protagonizados por Fernanda Montenegro me vieram à mente ao assistir "Vitória": "O outro lado da rua", de 2004, de Marcos Berstein, com Fernanda interpretando uma solitária moradora de Copacabana que trabalha fazendo denúncias para a polícia. O outro é "Central do Brasil". Não tem como não lembrar do final do filme conectado ao final de "Vitória". Os bastidores do filme foram trágicos: O filme começou a ser rodado com Breno Silveira em Vivência, Pernmabuco, em 2022, mas elevio a ter um enfarte e faleceu. Andrucha seguiu com o projeto e dedica o filme ao amigo. Baseado na história de Joana da Paz, uma moradora que tentou denunciar atividades de traficantes pela sua janela e reportando à polícia, era solenemente ignorada. Ela decide comprar uma filmadora portátil e grava imagens, auxiliada por um jornalista. No filme, Joana se chama Ninca. O jornalista é Flavio (Alan Rocha). O filme é muito bem produzido com todo o padrão de qualidade da Cosnpiração filmes. A cena que eu mais gostei é quando Nina é sequestrada e levado ao morro, e descobre que ela terá que fazer massagem em um chefe do tráfico. Uma cena que traz humor realizado com muita propriedade por Fernanda.

Hell of a summer

"Hell of a summer", de Billy Bryk e Finn Wolfhard (2023) Escrito, dirigido e protagonizado pelos amigos Billy Bryk e Finn Wolfhard ( o Mike de 'Stranger things"), "Hell of a summer" é uma homenagem aos slashers estilo 'Sexta feira 13", incluindo um acampamento estilo Crystal lake e um dos protagonistas se chamar Jason. O roteiro também traz elementos de "Pânico", como o humor e a resolução. Um grupo de 11 jovens chegam para o acompamento, para serem monitores. O acampamento será aberto em alguns dias para o público e eles precisam organizar tudo, mas não contacam que um assassino está ronando o local e matando um a um. O elenco traz também Fred Hechinger , que esteve em "Gladiador 2" e "Kraven", no papel de Jaosn, um monitor com as melhores piadas. O ator que interpreta Ari, Daniel Gravelle, impressiona por parecer muito com Timotheé Chalamet. A fotografia do filme é muito escura, tem cenas que não consegui enxergar direito. O roteiro é simples, sem muito tempo para defender melhor seus personagens, rasos, que só estão ali para serem mortos. Mas a maior frustraçã para quem é fã de slasher, é que as mortes são mostradas todas fora de quadro, certamente para baixar a classificação etárea.

Matar um tigre

"To kill a tiger", de Nisha Pahuja (2022) Indicado ao Oscar de melhor documentário em 2024, "Matar um tigre" é um filme brutal e comovente, baseado em uma história real ocorrido na Índia. Em 2013, uma menina de 13 anos sofreu um estupro coletivo nos arredores da vila onde ela morava com seus pais, Ranjit, um agricultor e esposa. A vila é Bero, Jharkhand, uma região pobre. Os pais levaram o caso ao chefe da aldeia, que lhe aconselhou não levar o caso adiante, pois iria manchar a reputação do local. Os pais decidem seguir com as acusações, apesar de quase toda a aldeia irem contra. A mãe da menina acusa o chefe de defender os interesses dos estupradores, e lembra que uma mulher foi morta, acusada de bruxaria, pelos moradores do local. Os pais obtiveram apoio da Ong Srijan. O cineasta Nisha Pahuja, canadense de origem indiana, e equipe acompanharam o desenrolar da ação pelo período em que o caso foi a julgamento, até a decisão final da prisão dos rapazes em 2018. Ele continiou mais 4 anos finalizando o longa, e quando a menina completou 20 anos, ele mostrou o filme e ela decidiu mostrar seu rosto quando tinha 13 anos de idade, certa de que isso ajudaria muitos pais e crianças a denunciarem casos de estupro. O filme finaliza com cartelas alertando que mais de 90 por cento de casos de estupro não são denunciados.

sábado, 26 de abril de 2025

Off beat

"Off beat", de Jan Gassmann (2011) Drama Lgbtqiap+ musical suíço, "Off beat" circula no ambiente do hip hop. O filme apresenta o rapper Lukas (Hans Jakob Mühlethaler), 26 anos, que tem como produtor musical Misha (Domenico Pecoraio), 46 anos. Misha e Lukas são amantes. Lukas, que faz sucesso nas apresentações com o público, começa a tomar drogas, o que prejudica os shows. Ele passa mal e vai parar no hospital. irritado, Misha o abandona, e coloca o irmão mais jovem de Lukas, Sami, que sempre quiz cantar em seu lugar. Lukas fica enciumado e tenta pegar seu lugar de volta, o que provoca atrito entre os irmãos. Mais tarde, Misha é revelado como um abusador: seduz garotos para cabtar rap e em troca os alicia sexualmente. O filme tem boa fotografia e uma narrativa melancólica, transitando entre personagens e uma história baixo astral. Alguns críticos compararam o filme a "8 miles", o filme do eminem, por mostrar a luta dos cantores de rap em busca de reconhecimento profissional. os atores são bons e o personagem de Misha é revoltante. A cena em que ele estupra Sami me deu agonia.

Leave it on the floor

"Leave it in the floor", de Sheldon Larry (2011) A sensação que eu tive ao assistir a "Leave it on the floor", era de ver uma versão estenida do piloto da temporada 1 da série "Pose", de Ryan Murphy, que revolucionou a tv ao trazer uma série com elenco trans, pretos, e latinos lgbt. A história é a mesma, mudando ao invés de Nova York para Los Angeles. A história começa em El Monte, California. Brad (Efraim Sykes) é um jovem negro gay que mora com sua mãe homofóbica. Ao descibrir que Brad consome pornografia gay, sua mãe o expulsa de casa. Brad segue até Los Angeles sem lar e sem dinheiro. Ele logo é acolhido pela House de Queef Latina (Barbie-Q), onde outros integrantes sme teto da comunidade queer moram. Brad conhece o Vogue, os salões de baile e as rivalidades de outras Houses. Para quem assistiu "Pose"ou o documentário "Paris is burning", o filme não traz muitas novidades, pois o tempo todo apresentam competições e rivalidades. Ele se diferencia por seu um musical, não somente nas cenas do baile, mas em cenas dramáticas, fora do contexto do Vogue. É divertido, bonito e traz uma melancolia pelo desamparo da comunidade queer na sociedade.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Until dawn - noite do terror

"Until dawn", de David F. Sandberg (2025) Dirigido pelo mesmo realizador de "Quando as luzes se apagam", "Anabelle 2" e 'Shazam" e "Shazam 2", "Until dawn- noite do terror" é adaptação de um game criado pela Sony em 2015, Üntil dawn", que tinha os rostos de Rami Malek e Peter Stormare. O filme traz referências explicitas a 'Evil dead", com cenas icônicas reproduzidas, além de buscar referências em todos aqueles filmes slashers eambientados em cabanas, indluindo o divertido e bizarro "O segredo da cabana". Um ano após o misterioso desaparecimento de sua irmã Melanie, Clover e 4 amigos, Max, Nina, Megan e Abel. partem para o Glory valley opara tentar refazer os passos de Melanie. Mas eles acabam presos em um loop temporal, onde são mortos todas as noites por todos os tipos de monstros e assassinos e acordam no dia seguinte. Para escaparem, precisam sair todos ilesos antes do amanhecer, e antes que a quantidade de vidas se excasse. Não sei se gostei do filme. Ele tem bons momentos, um elenco ok, mas fiquei com a sensação de não ter uma história que sustente melhor o tempo de duração do filme, parecendo tudo uma repetição do mesmo plot. Claro, o filme é sobre loop temporal, que nem "A morte te manda parabéns", mas faltou algo mais original.

Mundo proibido

"Mundo proibido", de Alê Camargo e Camila Carrossine (2025) Um bom exemplar de animação brasileira, que concorreu no Festival Annecy. "Mundo proibido" é uma ficção cinetífica repleta de referência a 'Star wars": os dois protagonistas são mercenários que caçam recompensas e tesouros, bem no estilo Hans Ssolo. Os personagens coadjuvantes envolvem toda aquela fauna de alienígenas. O filme recebeu o prêmio de melhor longa popular do Cinefantasy 2022. Fuji e Lídia estão em busca de um lendário tesouro. eles partem em direção ao planeta Mundo proibido. Uma jovem Zi, se une ao casal e lutam contra os vilões. O que mais me chamou atenção no filme, é que pensei que ele era infnatil, mas não: é mais adolescente, envolvendo cenas de nudez e insinuação sexual. O design do filme é muito bem feito, com visual que o público se identifica com facilidade. O desfecho traz elementos de romance para o casal, que passa o filme todo em conflitos de relacionamento e de interesses pessoais.

Síndrome da apatia

"Quiet life", de Alexandros Avranas (2024) O roteirista e diretor grego Alexandros Avranas se inspirou em um bizarro caso que aconteceu na Suécia: milhares de crianças, filhos de refugiados, contraíram uma doença chamada de ""Síndrome da Resignação Infantil", onde elas entram em um coma por conta da ansiedade vivida em zonas de conflito em seus países de origem. Avranas diriigu em 2013 o chocante e polêmico "Miss Violence", que traz um pai que prostiuti suas filhas menores de idade à força. A violência em "Síndrome da apatia" novamente se volta às crianças, mas agora, como um assédio mental: pais e autoridades suecas obrigam as crianças a relatarem as experiências traumáticas vividas na guerra. Ambientado em 2018 na Suécia, uma família russa vive como refugiados em Estocolmo: Sergei (Grigory Dobrygin), um ex-diretor de escola russo que tenta obter asilo na Suécia com a esposa Natalia (Chulpan Khamatova, sósia perfeita de Sandra Hooler) e as filhas Alina e Katja (Naomi Lamp e Miroslava Pashutina). Todos procuram se adaptar à rotina. As filhas estudam, Sergei trabalha como faxineiro. Mas quando o pedido de asilo é recusado, os pais pedem que a filha menor, Katjia relate o que ela testemunhou na Rússia. Kayjia acaba entrando em coma. Desesperados, os pais pedem que a outra filha, Alina, minta e relate o que Katja tinha a dizer, como se ela própria tivesse testemunhado. O filme venceu um prêmio especial em Veneza 2024. ele lembra demais a narrativa fria e apática dos filmes de Yorhos Lanthimos. Tem uma cena incomoda, onde os pais precisam fazer uma terapia de sorriso, e para eles é algo quase impensável. Esse é o espírito do filme. Emoção zero e um registro cruel de uma família em busca de um futuro. A atriz que interpreta ALina tem uma cena onde ela faz um enorme monólogo, uma performance magistral e impressionante.

Sujo

"Sujo", de Astrid Rondero e Fernanda Valadez (2024) Premiado no Festival de Sundance 2024 como melhor filme, no seu desfecho surge a cartela "Dedicado aos órfãos desse país em chamas". O país é o México, conhecido mundialmente como um país perigoso, nas mãos de cartéis de drogas. Escrito e dirigido pela dupla Astrid Rondero e Fernanda Valadez, o filme é um drama denso, estilizado e com alguns elementos de realismo fantástico. A fotografia de Ximena Amann mantém as imagens bastante escuras propositalmente. Sujo é um menino de 4 anos, filho de um Sicário, que acaba sendo morto. Suas tias, Rosalia e Nemesia, fogem com ele até a smontanhas, para evitar que o cartelo o pegue. Já adolescente, Sujo se muda para a cidade do México, e por mais que as tias o tenham criado para ser uma pessoa honesta, a violência acaba entrando em sua vida. O filme parte de uma premissa interessante: a violência está na genética da pessoa? Filho de um assassino e criado para ser uma pessoa boa, assim que cresce ele acaba sendo sugado para o cartel. Mas o roteiro propõe uma posssibilidade de mudança, quando ele conhece uma professora que procura ajudá-lo. É um filme de ritmo muito lento, de mais de 2 horas de duração, e que dá uma boa canseira. Os atores são bons, o filme é dividido em capítulos, e a primeira parte é bem tensa, com os sicarios em busca do menino ( a cena até me lembrou do prólogo de "Bastardos inglórios", com o menino escondido debaixo da mesa.

Grandma Nai Who Played Favorites

"Grandma Nai Who Played Favorites", de Chheangkea (2025) Melhor curta do juri no Festival de Sundance 2025, "Grandma Nai Who Played Favorites" é uma co-produção entre Camboja, França e EUA. O filme é um exuberante e sensível drama Lgbtqiap+ que traz elementos de comédia e fantasia. No dia da varredura de túmulos, uma família de classe média alta segue para Qingming, um cemitério a céu aberto. O espírito da avó Nai (Saroeun Nay) descobre que seu neto, Meng (Bonrotanak Rith), de 29 anos, irá se casar. Nai sabe que o neto é gay, mas vive uma vida de mentiras com medo da pressão de seus pais conservadores. A família segue para um karaokê, para anunciarem o noivado de Meng com a jovem Pech (Sokun Theary Ty). Nai decide ir junto para salvar o se neto. O filme é divertido, e as personagens da avó Nai e de sua amiga falecida são apaixonantes. Lidando com leveza um tema bastante delicado, da homossexualidade reprimida, e sem também trazer elementos de misoginia, qu é o que acontece na maioria das produções. O visual é primoroso nas 2 locações: no cemitério e na casa de karaokê, ambientes bem distintos, porem iluminado com muitas cores pelo fotógrafo Shyan Tan.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Dreams

"Drommer", de Dag Johan Haugerud (2024) Urso de ouro no Festival de Berlim 2025 de melhor filme, além do prêmio Fiprecsi, "Dreams" fecha a trilogia do roteirista e cineasta norueguês Dag Johan Haugerud : 'Sex", "Love" e "Dreams". Os três filmes dialogam em si por tratarem de personagens que lidam com suas intimidades expostas, envolvendo experiências sexuais e relacionamentos. Os filmes são bastante verborrágicos, e Dag Johan Haugerud tem um dom impressionante para os diálogos, expressos com naturalismo e espontaneidade. "Dreams" lida com o universo feminino, e o primeiro amor de uma adolescente, seu despertar queer. Johanne (Ella Øverbye) tem 17 anos. Ela é uma estudante aparantemente feliz e normal: tem suas amigas, tira boas notas e se relaciona bem com sua mãe solteira, Kristen (Ane Dahl Torp), e a avó viúva, a poetisa Karin (Anne Marit Jacobsen). Quando surge uma nova professora, Johanna (Selome Emnetu), Johanne se encanta e imediatamente fica apaixonada. Ela procura de todas as formas se aproximar da professora, sem que ela perceba a sua paixão. Um ano depois, Johanne escreve suas memórias sobre a sua paixão pela professora em um livro, que ela entrega para a sua avó ler. A avó pede que ela apresente para a mãe de Johhane ler. Após a leitura, as três mulheres discutem suas intimidades e seus primeiros amores e experiência sexuais. A diretora de fotografia Cecilie Semec iluminou os 3 filmes e tem um talento incrível para composições e texturas. Fico encantado com a desenvoltura do diretor e roteirista em escrever para personagens femininas, e expor tanto a vivência de mulheres sem aparentar um olhar de fora, masculino. É respeitoso e apaixonante a forma como ele ilustra cada uma das personagens, vividas de forma espetacular por todas as atrizes. O filme ainda traz bastante humor, e a cena da mãe e da avó na floresta colhendo cogumelos e discutindo o filme "Flashdance"e o quanto a filha amava e a mãe odiava por dizer que era um ponto contra o movimento feminista, é hilário.

Taipei story

"Qing Mei Zhu Ma", de Edward Young (1985) O cineasta de Twain Edward Young ficou famoso pelos seus filmes, um dos pioneiros da chamada New wave do cinema dos anos 80. Seu filme mais famoso, "As coisas simples d avida", de 2000, lhe garantiu a Palma de ouro de melhor direção. Ele faleceu em 2014, aos 59 anos, vítima de câncer. O filme faz parte da coleção Criteriom, dedicado a filmes importantes para preservação. "Taipei story" é seu terceiro longa-metragem. ë um filme carregado de desesperança, pessimismo, e um olhar sbre a abertura de Taiwan para a cultura ocidental, contrastando com as tradições culturais do país. A curiosidade é que o ator protegonista é o cineasta Hou Hsiao-Hsien, que também co-escreve o roteiro. Lung é um ex jogador de beisebol famoso da liga juvenil. ele namora Chin (Tsai Chin), secretária de uma executiva. Lung sonha com seu passado, quando era jogador. Hoje em dia, ele trabalha em uma fabrica de tecidos. Um amigo quer que ele vá para os Estados Unidos trabalhar com ele em uma empresa de importação. Chin perde seu emprego quando sua chefe vai trabalhar em outra empresa. Chin deseja ir para os Estados Unidos, mas Lung é relutante em ir. A família de Chin é repleta de dívidas. Lung tenta ajudar a pagar. A irmã de Chin se envolve com marginais, que acabam tendo a vida entrelaçada coma. de Lung. Assim como os filmes de Hou Hsiao-Hsien, "Taipei story" tem um ritmo bastante lento. É um retrato cruel sobre personagens sem esperança. Metaforicamente, o roteiro traça um contraste entre o novo e o velho, através dos personagens de Chine. Lung. Ela quer a modernidade, e ele, a tradição.

Na escuridão profunda

"Guelles noires", de Mathieu Turi (2023) Premiado terror francês que faz homenagens aos filmes "Alien, o 8o passageiro", "O abismo" e "Caçadores da arca perdida", tudo junto e misturado em uma mescla de ação, aventura e terror. O diretor foi assistente de direção de Tarantino em 'Bastardos inglórios", e traz o seu filme para o Marrocos de 1956, ano em que o país se tornou independente da França. Na região chamada Ilha do diabo, um grupo de jovens marroquinos desempregados e famintos aceita traalhar como mineradores. O professor Berthier (Jean Hughes Anglade, de "Betty Bue) necessita de um grupo para ir até as profundezas da mina em busca de um sarcófago com relíquias de uma civilização perdida. No grupo, estão entre outros, Roland, um aventureiro, e Amir, um jovem esperançoso. Mas ninguém esperava que o sarcófago esconde um ser monstruoso, que quer emergir para a superfície. O filme é divertido e traz um monstro bem anos 80. Tudo é bastante óbvio, mas a vocação de passatempo do filme traz uma narrativa que faz tudo corretamente, com personagens esquemáticos. A direção de arte e a fotografia impressionam: 2/3 do filme acontece na mina repleta de túneis e becos escuros.

Você é o universo

"U are the universe", de Pavlo Ostrikov (2024) Premiada ficção cientifica co-produzida por Ucrânia e Bélgica, "U are the universe" presta homenagem a clássicos do gênero, como "2001", "Solaris" e "Gravidade". O filme pode ser visto como um retrato metafórico sobre a destruição da Ucrânia, ou também ua parábola sobre o altruísmo e a necessidade do ser humano de, na hora de sua morte, estar junto de outro ser humano. Durante 99 % do filme, "U are the universe" tem apenas um único personagem: Andryi (Volodymyr Kravchuk). Ele é um funcionário do governo ucraniano que tem a missão de pilotar uma nave e jogar lixo radioativo no espaço. Aviagem dura 2 anos para ir e dois anos para retornar. Na sua volta à Terra, ele testemunha o planeta explodindo. Max, o robô que divide a nave com ele, conclui que Andryi é o único ser humano sobrevivente no universo. Para piorar sua situação, ele precisa se distanciar da órbita, pois detritos da Terra estão indo em sua direção. Durante a sua trajetória, Andryi recebe mensagem de uma sobrevivente de uma estação orbital em Saturno, há milhões de anos luz à distância dele. Mesmo contra a vontade de Max, que diz que o combustível nã será suficiente, Andryi decide resgatar Catherine (Alexia Depicker), uma francesa sobrveivente da estação, e passar os últimos dias de sua vida com outro ser humano. Fico impressionado com a possibilidade desse filme existir. Li que ele foi filmado durante a guerra da Ucrânia. Os orçamento foi baixo, o que parece impossível, vendo o filme, que é repleto de qualidades técnicas e não deve a nenhum filme americano de ação e aventura espacial. O ator e fantástico, trazendo muitas camadas de emoção ao seu personagem. Não é fácil assistir a um filme com somente um personagem o tempo todo, mas a edição e o roteiro prendem a atenção o tempo todo. O desfecho e simbólico e é muito poético e belo, mesmo que sendo trágico. Uma metáfora sobre paz e crença no ser humano.

Bill Eld- A ascenção e queda de um ícone da cultura pop americana

"Bill Eld- The rise and fall of an american pop culture icon", de Toby Ross (2020) Documentário Lgbtqiap+ que traz a ascenção e queda de Bill Eld, um astro pornô gay dos anos 60 e 70, que chegou a ser um dos maiores salários da indústria pornográfica, e que acabou morrendo como um sem teto nas ruas de Nova York. Um dos rostos mais bonitos do pornô, teve o seu auge nos anos 70, mas se entrgou à cocaína. O seu vício fez com que ele perdesse a ereção em cena, além das desavenças que tinha com atores e equipe. Chegou a fazer pornô hetero, até não conseguir mais emprego na indústria. Depois foi inspetor de alimentos, terminando como zelador de um cinema adulto na Rua 42. As drogas destruíram a sua beleza e seu corpo. O filme tem uma história interessante, e repleta de fotos e cenas de conteúdo explícito. No entanto, a insistência do diretor Toby Ross em querer narrar o filme, em trechos longos e entediantes, torna a experiência de assistir ao filme bem massacrante. No contexto geral, é uma crítica ao mundo pornográfico que destrói vidas, sem qualquer tipo de apoio solidário.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Atirem no pianista

"Tirez sur le pianiste", de François Truffaut (1960) Um ano depois de lançar o seu filme de estréia, 'Os incompreendidos", em 1959, François Truffaut lançaria "Atirem no pianista", adaptação do romance policial do americano David Goodi. Truffaut convidou o astro da música francesa Charles Aznavour para protagonizar o seu filme, com forte influência do cinema noir americano. O filme traz dois mestres na equipe: o fotografo Raoul Cottard, que fotografou quase todos os clássicos de Godard, e George Delerue na trilha sonora. Rodado em preto e branco e com um orçamento ínfimo, o filme traz Charlie Kohler (Aznavour) como um pianista de um bar noturno popular. O irmão de Charlie, Chico Saroyan, o procura no bar pedindo ajuda: ele e o outro irmão deles, Richard, deram um gople e agora dois capangas estão atrás deles. Charlie recorda seu passado: ele foi um pianista famoso, mas quando sua esposa se suicidou, ele decidiu abandonar tudo. Agora, ele conta com a ajuda da garçonete Leda para salvar seus irmãos e seu irmão mais novo que ora com ele, Fido. "Atirem no pianista" é dos filmes de Truffaut que eu menos gosto. Mas isso não quer dizer quee ele é ruim. Ele é divertido, tem cenas engraçadas, bandidos atrapalhados, cenas bem montadas e uma perseguição no final em uma montanha repleta de neve memorável.

Operação borboleta

"Operação borboleta", de Sílvio Toledo (2023) O cineasta paraibano, nascido em Campina Grande, é dono da produtora Stairs filmes e desde 2008, realiza curtas e longas de gêneros distintos, incluindo animação e ficção. Junto do roteirista Pedro Luz, eles lançaram o thriller indie "Operação borboleta", que não esconde a sua principal inspiração: o filme "O silêncio dos inocentes", de Jonathan Demme. As referências explícitas vêem no poster, na imagem da borboleta, e na trama, onde surge um serial killer, interpretado por Oscar Magrini, que cita o filme e o personagem de Hanibal Lecter (obviamente o personagem de Magrini é inspirado no personagem de Anthony Hopkins.). O filme é um raro exemplar d etriller de suspense policial envolvendo serial killers. Em uma cidade do interior, Cerejeiras, um serial killer está matando mulheres, enforcando-as e deixando uma borboleta no local do crime. Um investigador da cidade grande, Helio Honorato (Henri Castelli) chega para cuidar do caso Mas a investigadora local, Sara (Paola Rodrigues), filha do prefeito e quem cuidava do caso, é obrigada a passar pra Helio. Ele acaba aceitando que sara e outro invetsigador local, Dison (Fabio Campos) sejam seus parceiros na busca pelo assassino. O que o filme tem de melhor, é escalar excelentes e premiados atores da Paraíba em papéis secundários: Fernando Teixeira e Zezita Matos, entre outros. ( comentários sobre o filme em breve)

Ash- Planeta parasita

"Ash", de Flying Lotus (2025) Concorrendo no SXSW 2025, "Ash- Planeta parasita" é uma ficção científica de terror, uma produção indie americana que homenageia os clássicos 'Alien, o 8o passageiro" e "O enigma do outro mundo". O filme tem um roteiro cheio d eplot twist, e começa com a tripulante de uma nave espacial, Ryia (Emilia Gonzalez) acordando e encontra toda a sua tripulação assassinada. Sem saber como tudo aconteceu, ela precisa investigar e se lembrar de como as coisas aconteceram. Em flashes de memória que voltam à sua mente, ela encontra um outro tripulante que se salvou, Brion (Aaron Paul), que a ajudará a se lembrar do ocorrido. Rever Aaron Paul, de "Breaking bad", é muito bom, mesmo que ele não tenha tido chance de estrelar filmes mais significativos. "Ash" é bom, mesmo que tenha uma trama bem óbvia, e a sua insistente referência a "Alien"e "Enigma do outro mundo", chegando a copiar a criatura monstruosa com a cabeça de tentáculos, certamente fará a alegria de fãs dos filmes citados. Mesclando efeitos em CGI e práticos (confesso que amei os efeitos práticos), eu gostei bastante do filme, que lida com orçamento apertado, mas faz tudo corretamente, com bons atores no comando e uma edição dinâmica e efetiva no vai e vem dos tempos.

Tardes de soledad

"Tardes de soledad", de Albert Serra (2024) Vencedor do prêmio de melhor filme no Fetsival de San Sebastian 2024, "Tardes de soledad"é um documentário que polemiza pela sua dualidade: é brutal e chocante pelas cenas hiper violentas de maus tratos aos touros que lutam nos rodeios de touradas, em imagens explícitas; e traz a inegável beleza das imagens captadas do estádio em Madri, com toureiros em uniformes coloridos e brilhantes, o vermelho do figurino, do sangue e das cores do estádio. A câmera e a fotografia de Artur Tort trazem beleza, poesia e imagens estilizadas em mais de 2 horas de duração. O filme acomoanha o toureiro peruano Roca Rey, de 28 anos, um ídolo para as torcidas de touradas na Espanha. Celebrando a masculinidade tóxica e o empoderamento do macho alfa, o filme ao mesmo tempo que mostra o culto à sangrente batalha na arena, apresenta a agonizante luta pela vida dos touros. Acompanhando Roco dentro de sua limusine, paparicado pela sua comitiva, e o endeusamento na arena, onde sua pose sexy e elegante , em uma figura de um homem bonito e eroticamente deslumbrante, faz a alegria da câmera, registrada em camera lenta. Eu mesmo não sabia que o toureito, para finalizar a batalha, precisa enfiar um punhal no topo da cabeça do touro para dar o golpe final. É assustador, chocante. O filme apresenta mais de 6 mortes de touros.

Milton bituca Nascimento

"Milton Bituca Nascimento", de Flavia Moraes (2025) Documentário dirigido pela cineasta Flavia Moraes (diretora de "Aquaria", com Sandy e Jr) e com narração de Fernanda Montenegro, "Milton Bituca NAscimento" acompanhou o cantor e compositor mineiro Milton Nascimento durante a turnê "A Última Sessão de Música", anunciada como a sua última, e que finalizou no estádio do Mineirão no dia 13 de novembro de 2022. O filme acompanhou Milton em suas viagens nacionais e internacionais: Veneza, Los Angeles, Nova York, Lisboa, Londres, Rio de Janeiro, Ouro preto. Repleto de depoimentos de celebridades do mundo artístico: Spike Lee, Herbie Hancock, Sergio Mendes, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Maria Gadu, Simone, Mano Brown, entre outros, o filme se diferencia de documentário mais formais pelo uso de uma edição que sublima o poético, em uma linguagem mais experimental. Para fãs de Milton, um presente para se guardar no coração, com todo mundo o reverenciando como um dos maiores cantores do mundo, recheado d eimagens de arquivo e de dpeoimentos do próprio Milton, feitos para o filme.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Corina

"Corina", de Urzula Barba Hopfner (2024) Vencedor do prêmio do público no Festival SXSW 2025, "Corina" me lembrou o tempo todo de "Amelie Poulain", e isso foi ótimo. O filme, co-escrito e dirigido pela mexicana Urzula Barba Hopfner, é uma encantadora fácula acred doce, que traz um humor bem particular e um fundo dramático sobre depressão e traumas. Ambientado no início dos anos 2000 na cidade de Guadalajara, a 2a maior cidade do México, acompanha Corina (Naian González Norvind), uma jovem que sofre de agorafobia, medo de sair de casa. Essa fobia foi ocasionada pela morte acidental de seu pai quando ela era criança: ele foi atropelado na rua, e a morte foi testemunhada por ela e por sua mãe, Renée. A mãe ficou traumatizada e com medo de perder sua filha, a proibiu de sair de casa. Crescida, o único lugar para onde Corina sai é para o trabalho, que fica no mesmo quarteirão de sua casa. Ela trabalha em uma editora de livros, e é uma estagiária que corrige a digitação. Quando ela muda o final do livro de uma escritora famosa, o manuscrito é confundido como sendo da própria autora. Os editores, sem saber, mandam publicar o livro. Desesperada e com medo de ser demitida, Corina decide procurar a escritora, que mora isolada fora da cidade. Para isso, Corina precisa lidar com sua fobia. O filme é muito bom, e além do roteiro criativo e cheio de trucagens narrativas, tem uma fotografia, direção de arte e trilha sonoras impecáveis e que dão personalidade ao filme. O elenco é outro trunfo do filme, com atores dando carisma a tipos divertidos e apaixonantes. Um retrato doce sobre pessoas melancólicas e depressivas.

Monsieur Aznavour

"Monsieur Aznavour", de Mehdi Idir d Grand Corps Malade (2024) Cinebiografia do ator, cantor e compositor franc%es Charles Aznavour, "Monsieur Aznavour" é uma super produção que obteve dois milhões de espectadores na França. Não tem como não compará-lo ao grande sucesso de "Piaf": assim como Marion Cotillard, o ator Tahar Rahim carrega o filme nas costas em uma performance poderosa, além de ter passado por horas de maquiagem para aplicação de próteses. A diferença é que Tahar canta de verdade nas cenas, aprendendo a cantar e a tocar piano na sua preparação para o personagem. O filme engloba toda a vida de Aznavour: a chegada na França, após seus pais fugirem da Guerra na Armênia. A introduçao à vida artística, ainda criança. Sua amizade com o pianista Pierre Roche, o encontro com Edith Piaf, suas mulehers, filhos, fracassos, medos e grandes sucessos. A parte envolvendo Piaf é o maior trecho do filme, com a atriz Marie-Julie Baup trazendo uma presença cênica totalmente diferente de Marion Cotillard. Tudo isso embalado pelos maiores sucessos de Aznavour, como "She" e "La boheme". Aznavour atuou em mais de 60 filmes, vendeu quase 200 milhões de discos, gravou 850 canções e o filme traz todoo glamour de suas viagens para diversos países. Aznavour morreu aos 94 anos, de parada cardíaca, no ano de 2018. O filme, que teve a cooperação da viúva e familiares, obviamente traz um registro chapa branca do artista, mas isso não impede de ser uma bela biografia que irá fazer alegria de fãs do mundo inteiro, daquele que é considerado o Frank Sinatra francês.

Confinado

"Locked", de David Yarovesky (2025) Remake do filme argentino "4X4", de Gaston Duprat, de 2019, e que já teve a sua versão brasileira com Chay Suede chamada "A jaula". O filme é bastante fiel ao original até os2/3, e depois toma a liberdade de criar algo diferente, tornando-o mais um filme de ação e thriller. O grande chamariz desse filme é o elenco: Bill Skarsgard e Anthony Hopkins dão vida a Eddie e Willian. Eddite é um ladrão, pai da pequena Sarah. Ele vive de trambiques e pequenos roubos para poder se sustentar. Ao circular por um estacionamento, ele encontra um carro SUV preto. Par sua surpresa, o carro está aberto. Ele entra e rouba os óculos de sol. Ao tentar sair, descobre que é impossível. As portas estão trancadas. O video e as portas foram trabalhadas para que do lado de fora, ninguém escuta e nem veja nada. Eddite se desespera. O telefone do carro liga e ele atende: é Willian, um médico aposentado que deseja se vingar de bandidos que mataram sua filha em um assalto, e que tentaram roubar o carro por 6 vezes. O filme funciona como um passatempo, e para quem não viu nenhuma das versões anteriores, vai gostar e ficar curioso em saber como Eddie irá escapar dessa, apesar dessa versão americana ter um desfecho totalmente diferente. Skasgard tem se especializado em tipos outsiders e anti-heróis, e Hopkins está bem como o vilão psicopata da vez.

Journey to you

"Journey to you", de Terry Ingram (2025) Drama romântico escrito pela dupla John Eliot Jordan e Carlie Mantilla-Jordan e dirigido por Terry Ingram, "Journey to you" é um ótimo filme para apaixonados e principalmente, para quem quer conhecer a trilha do Caminho de Santiago. O filme é praticamente um guia completo de tudo o que precisa ser feito e visto nos mais de 200 kilômetros , feitos em quase 14 dias à pé. Eu nem sabia que ainda existe um trecho final, que vai até o mar, chamado Finisterre, ara quem ainda acha que não encontrou um fim para a peregrinação. Ambientado em Boston, o filme acompanha Monica (Erin Cahill), uma enfermeira workhahoclik que nunca tirou férias em 4 anos e dedica todo o seu tempo ao trabalho e aos pacientes. Quando ela perde uma promoção, ela fica bastante frustrada, acreditando que a sua dedicação integral ao trabalho seria o suficiente. Sua mãe lhe dá a dica de dar um tempo no trabalhoe. aproveitar a vida, fazendo o Caminho de Santiago, estrada onde ela conheceu o falecido pai dela. Monica cede e vai. No início, ela fica ansiosa e não consegue pensar em aproveitar a viagem, até que se une ao grupo da guia Consuelo (Isabelle Brès): Luis (Eric Valdez), seu filho adolescente Matteo (Solal Bellaiche) e o pai viúvo de Luis , Ernesto (pep Tosar). O filme usa a tradicional linguagem narrativa do road movie para falar sobre busca espiritual e renovação. Aqui no caso, o óbvio caminho do romance traz todos os clichês do gênero, incluindo ciúmes do filho, mas tudo funciona bem, graças ao elenco, que é muito carismático e funciona super bem, com muita química. E claro, `exuberante paisagem, fotografada com esmero por Jesús Haro. Um filme que comove e deixa todo mundo com vontade de conhecer o Caminho.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

O menino da calça rosa

"Il ragazzo dai pantaloni rosa", de Margherita Ferri (2024) O 2o filme italiano de maior bilheteria em seu país no ano de 2024, "O menino da calça rosa" é baseado em trágica história real: a do suicídio do adolescente de 15 anos Andrea Spezzacatena (Samuele Carrino). Ele foi vítima de bullying e cyberbullying pelos colegas de sua escola. Sua morte ocorreu no dia 20 de novembro de 2012 e foi uma grande comoção. O filme é adaptado do livro escrito pela mãe de Andrea, Teresa Manes. Ela ignorava o que o seu filho passava, até que, após sua morte, ela conseguiu a senha do Facebook de seu filho e ali encontrou uma página intitulada "O menino da calça rosa", onde os colegas zoam Andrea por ele ter ido para a escola com uma calça rosa (resultado da lavagem mal sucedida de sua mãe. A calça era vermelha e na máquina de lavar ficou rosa. Andrea gostou e foi para a ecsola usando a calça). Andrea sofreu o divórcio de seus pais. Na escola, ele teve uma grande amiga, Sara. Andrea tinha um crush por Cristian, que se tornou seu amigo, mas como os colegas estavam insinuando que havia algo, Cristian se virou contra Andrea e começou também a fazer ataques homofóbicos. O filme conta com um ótimo time de atores para darem vida à uma história bastante dramática. A direção de Margherita Ferri é acertada, se comunicando com todos os públicos. A trilha sonora é bastante dinâmica e pop. O filme preferiu não apresentar a cena da morte, focando em um desfecho mais poético e lúdico.

La muerte de un perro

"La muerte de un perro", de Matías Ganz (2019) Co-produção Uruguai e Argentina, "La muerte de un perro" é uma comédia de humor ácido com toques de thriller. Escrito e dirigido pelo uruguaio Matias Ganz, o filme é uma crítica à sociedade burguesa da classe média alta de Montevideo, com suas paranóias acerca de empregados que eles acreditam que roubam, sobre a violência da vizinhança e outros medos. Mario (Guillermo Arengo) é um veterinário veterano. Ao fazer um procedimento de rotina no cachorro de uma cliente, o animal acaba falecendo. Ao reportar à cliente, ela fica chocada e autoriza a cremação. Ao entregar a urna com as cinzas à dona, Mario descobre que a companheira dela estranha a cremação sem autópsia e levanta a questão dele ter matado o animal por erro médico. As mulheres começam uma campanha de difamação de Mario , que tem sua casa vandalizada pelos vizinhos. Sua esposa, Maite (Laura Baez) é aposentada e acredita que a empregada que faz serviços para ela e que trabalha para a sua filha, a está roubando. Com medo dos atauqes, o casal vai passar uns dias na casa da filha, que é casada e tem filho. A casa é toda vigiada por cameras de segurança, mas o medo de ataques continua. O filme tem um toque de humor bem peculiar de filmes latinos. É um humor frio, de constrangimento, do silêncio. O elenco, sua maioria de argentinos, estão ótimos em suas composições patéticas.

Nú como viemos

"Naked as we came", de Richard LeMay (2012) Drama Lgbtqiap+ que traz o já batido tema da reconexão familiar após o anuncio da doença terminal da matriarca. É o momento certo para os famosos acertos de conta e claro que no final, todo mundo volta a se amar e se abraçar. Elliot (Ryan Vigilant) e sua irmã, Laura (Karmine Alers), nova yorquinos, recebem a notícia de que a mãe deles, Lily (Lue McWilliams), com quem eels romperam relações há dezoito meses, está com doença terminal. Os filhos se ressentem de que a mãe preferiu cuidar da empresa de lavanderia, da qual ela é magnata, ao invés de cuidar deles. Mas eles decidem deixar a mágoa de lado e ir passar um tempo com a mãe. Chegando lá, eles decobrem que ela está sendo cuidada pelo jovem jardineiro Ted (Benjamin Weaver). Durante a estadia na mansão, Lily abre seu coração para os filhos e claro, Elliot e Ted irão se relacionar. Cartamente, o maior atrativo do filme é assistir aos dois atores bonitões Ryan Vigilant e Benjamin Weaver em cena ( e a câmera é apaixonada por eles). Fora isos, é um filme decente sobre marcas do passado, filmado com delicadeza e boas performances.

Os imorais

"Os imorais", de Geraldo Vietri (1979) Drama lgbt brasileiro, "os imorais" é um filme obscuro escrito e dirigido por Geraldo Vietri, famoso diretor de novelas da Rede Tupi. A trilha sonora lembra acordes de Ennio Morricone em "Era uma vez no Oeste", o "Tema de Deborah", com bastante melancolia. O roteiro parece uma obra de Nelson Rodrigues, com traições, misoginia, homofobia, luta de classes e o cotidiano de uma família fracassada moralmente, desajustada em alto grau. O final ainda lembra "Um beijo no asfalto". Mario (João Francisco Garcia) é um jovem playboy, filho do casal de classe média alta paulista, Antero (Chico Martins) e Julia (Elisabeth Harttman). O casal vive uma relação fria. O marido tem um caso com seu chofer, e a esposa com o motorista dela. Mario vai até o salão de beleza avisar à sua mãe sobre o falecimento de sua avó. Lá, ele conhece a socialite Gloria (Sandra Brea) e fica encantado por ela. O cabeleireiro Gustavo (Paulo Castelli) se apaixona platonicamente por Mario. Mario pede para Gustavo ajudá-lo a seduzir Gloria. Gustavo acaba revelando sua paixão por ele, e Mario, homofobico, o maltrata e diz que ele deveria se converter em hetero. Para agradar Mario, Gustavo se relaciona com Rosa (Aldine Muller). O filme foi vendido erroneamente como um filme erótico, uma pornochanchada. E está longe disso, É um drama incrível, sobre homofobia e a solidão de um jovem gay que se humilha por amor, e a história tem um desfecho trágico que traz um plot twist digno de Nelson Rodrigues. É um filme datado, e a misoginia no filme é bem presente. As sub-tramas, principalmente do motorista de Julia, é interessante. Outro ponto de interesse do filme, é assistir a São Paulo dos anos 70, com seu colorido, a praça da República e outros locais icônicos da cidade.

O enxame

"Rój", de Bartek Bala (2023) "Capitão Fantástico", com Viggo Mortensen, foi lançado em 2016 e trazia uma família que se isolava da sociedade, no meio de uma floresta, sem internet, sem vizinhos, sem escola, sem nada que a sociedade de consumo pudesse tirar-lhes a liberdade e o contato com a natureza. Em compração com "O enxame", "Capitão Fantástico" parece um filme da Disney. Filmado em 33 dias em uma ilha isolada do Mar Báltico, o drama polonês "O enxame" é denso, sombrio, um drama que está mais para um pesadelo misógeno e violento sobre homens que decidem tomar as decisões sobre tudo. Um família de 4 pessoas: o pai (Eryk Lubos), a mãe (Roma Gasiorowska), o filho adolescente (Adam Wojciechowski) e a filha menor (Antonina Litwiniak) há 10 anos decidiram fugir do mundo civilizado e moram em uma ilha afastada. Eles sobrevivem de caça e pesca e o pai cria uma pequena apicultura. Quando a mãe engravida novamente, ela toma a decisão de querer retornar ao mundo civilizado. Mas o marido se opõe e a impede de querer escapar. É um filme cruel, sofrido, para mulheres que vivem relações abusivas, inclusive de maus tratos com os filhos, o filme pode ser um gatilho emocional, e portanto, não o recomendo para quem tem histórico de abusos. Os atores são ótimos, e segundo o imdb, as filmagens foram difíceis e bastante sofridas, com frio e falta de recursos, assim como na ficção.

domingo, 20 de abril de 2025

Dead mail

"Dead mail", de Joe DeBoer e Kyle McConaghy (2024) Concorrendo no prestigiado Festival de Sitges, "Dead mail" é um ótimo filme indie de terror psicológico, que traz referências a "Medo", cult austríaco de terror, "Herege", com Hugh Grant, e "Jogos mortais". Tudo isso para contar uma história bizarra que acontece nos anos 80. Em uma agência dos correios em uma pequena cidade americana, Jasper (Tomas Boykin) é um funcionário especializado em localizar o destinatário de cartas remetidas mas que por erro na hora de preenchimento ou algum outro motivo, não são entregues. Com a ajuda de um hacker russo, seu amigo, jasper acerta cem por cento dos destinatários. Até que na sua mesa, surge uma carta com sangue, entregue pelas duas funcionárias da agência, Bess (Susan Priver) e Ana (Micki Jackson). Acreditando tratar-se de uma pegadinha ( a carta diz que a pessoa foi sequestrada), Jasper dispensa a carta, mas logo depois, decide fazer uma investigação. O filme vai para um flashback, e apresenta Trent (John Fleck, a cara de Geoffrey Rush ), um entusiasta de sintetizadores e de música clássica, conhece em uma feira de tecnologia o engenheiro de som Josh (Sterling Macer Jr.), que está desenvolvendo uma nova tecnologia que interessa a Trent. Os diretores utilizam a linguagem do cult "Medo" para trazer uma narrativa de angústia e aflição, desenvolvido com muito talento elo assustador John Fleck, no papel de Trent. É um roteiro bem construído, e a direção e a edição garantem a curiosidade do espectador até o final. Tem uma reviravolta na história, digna de "Psicose", e que irá deixar o espectador perplexo.

Por onde passa o silêncio

"Por donde pasa el silencio", de Sandra Romero Acevedo (2024) Adaptação de um curta homônimo escrito e dirigido pela cineasta espanhola Sandra Romero Acevedo em 2020, "Por donde pasa el silencio" traz a história dos irmãos Araque, nascidos em Écija, uma aldeia de Sevilha. No curta, a história envolvia um dos irmãos, Antonio, gay, que retornava à cidade para rever um antigo namorado. A trama no longa é diferente: Antonio retorna à sua cidade natal durante a semana santa para rever a sua família. Ele saiu há anos de sua cidade para estudar e trabalhar em Madri. Seus pais e sua irmã Maria vivem em função do irmão Javier, que é gêmero de Antonio. Mas Javier sofre de uma escolioso lombar severa, que o deixa com dores insuportáveis. Para tentar segurar a dor, Javier se viciou em remédios e na cocaína. Antonio entra em conflito ao rever a família: se deve retornar à Madri ou ficar ali com a família. O filme concorreu no Festival de San Sebastian 2024, e tem uma narrativa naturalista. Misturando atores e não atores, a diretora ficzionaliza a história dos 3 irmãos. Antonio é seu amigo pessoal, o que lhe deu permissão para criar um roteiro baseado em fatos reais da família. É um bom filme, com uma sub-trama lgbt. O ritmo é lento, contemplativo. É uma história que fala sobre escolhas e decisões que podem alterar a vida da pessoa e dos que o rodeiam.

O massacre da serra elétrica - o retorno

"The return of the Tecas chainsaw massacre", de Kim Henkel (1994) Uma das cenas mais aleatórias da história do cinema, certamente faz parte desse filme bizarro. Quando o personagem de um vilão persegue a final girl pela estrada, absolutamente do nada, surge um avião mono motor e atropela o vilão, matando-o. "O massacre da serra elétrica- o retorno", é consideradoo o pior de todos os filmes da franquia. Mas não há como descartá-lo, pois ele possui curiosidades na sua produção que o tornam um filme histórico e por isso, hoje em dia ele é um cult. A mocinha em questão é ninguém menos que Renée Zellweger e o vilão, Matthew McConaughey, ambos em início de carreira. Lançado em 1994, o filme foi lançado em poucas salas e foi engavetado. Quando Zellweger e Macconaughey se tornaram estrelas em 1996, com "Jerry Maguire" e "Tempo de matar", os produtores do filme quiseram relançá-lo, mas foram impedidos pelos agentes de ambos os atores. Mas existe um outro elemento no filme que o tornou alvo de críticas: Leatherface é representado em figurinos e maquiagem femininos, e foi comparado por muitos críticos à uma travesti. Não faz sentido algum. Aliás, nada no roteiro faz sentdo, trazendo ainda uma seita religiosa. O filme foi escrito e dirigido pelo mesmo roteirista do filme original de 1974, de Tobe Hooper: Kim Henkel. A violência no filme nunca é vista de forma explícita, é tudo fora de quadro. Um grupo de 4 amigos, dois casais, vai à festa de formatura da faculdade. Jenny (Zellwegwer) e seu namorado Sean, acompanham o casal Heather e Barry. Ao pegarem um desvio na estrada, o carro sofre um acidente. Eles pedem ajuda à Darla, que trabalha em um escritorio ali perto. Ela liga para seu namorado, Vilmer (McConaughey), que vem com um guincho, mas se revela fazer parte da família de canibais de Leatherface. O filme é trash do início ao fim. Para os padrões de terror dos anos 90, ele é bem ruim e com tensão zero. Mas por todos os motivos citados acima, é um filme curioso, que tem seu charme involuntário. E visto nos dias de hoje, fico querendo pensar no que Zellweger e Macconaughey falariam sobre o filme.