domingo, 26 de outubro de 2025
Anêmona
"Anemone", de Ronan Day-Lewis (2025)
O desfecho de "Anemone" é devastadoramente emocionante, e é impossível não cair em prantos. Produzido pela produtora de Brad Pitt, Plan B, o filme marca o retorno de Daniel Day Lewis às telas, depois de ter anunciado a sua aposentadoria em 2017, depois de lançar "A trama fantasma".
Co-escrito por Daniel Day Lewis e seu filho, Ronan Day Lewis, o longa marca a estréia de Ronan no cinema. A escolha narrativa e visual de Ronan percorre muito a linguagem do video clipe, e fico imaginando que esse filme de 125 minutos poderia ter sido reeditado em um clipe longo de 10 minutos, sem diálogos, somente com a excepcional fotografia de Ben Fordesman, a trilha melancólica de Bobby Krlic e as expressões dramáticas do quarteto Daniel Day Lewis como Ray, Sean Bean, com seu irmão, Jem, Samantha Morton, como Nessa, esposa de Ray, e Samuel Bottomly, como Brian, filho de Ray e Nessa.
"Anêmona" é uma planta aquática bela por fora e repleta de espinhos venenosos por dentro. A partir dessa planta exótica, o diretor Ronan traça uma metáfora sobre os caminhos tortuosos de um ex-combatente do exército britânico, Ray, que sofreu um trauma durante o combate e por isso, se tornou rceluso, morando isolado na floresta, e abandonando sua esposa e seu filho pequneo, Brian. 20 anos depois, Brian, já crescido, torna-se violento, e sua mãe e seu tio Jem temem que ele se torne igual ao pai, repleto de raiva internalizada. Jem decide ir atrás de Ray, seguindo um mapa que ele tinha, e tenta localizá-lo, para convencê-lo a retornar para casa e conversar com seu filho.
O filme é todo estilizado, trazendo momentos de realismo fantástico e muita câmera lenta. Em determinando momento, me pareceu que Ronan quiz homenagear Paul Thomas Anderson, com quem seu pai trabalhou em 'sangue negro" e "A trama fantasma". Um clipe onde uma chuva de granizo cai na cidade, unindo os personagens, criando uma linda simbologia de conexão emocional, tal qual a chuva de sapos em "Magnólia".
É um filme que muitas vezes passeia pelo hermetismo, em longas cenas lentas e de monólogos de Ray, atestando a genialidade de Day Lewis para personagens complexos, e ganhando o reforço em cena de Sean Bean.

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