domingo, 31 de agosto de 2025
Delírius insurgentes
"Delírius insurgentes", de Fernando Mamari (2017)
"Essa é a nossa arte, João. A gente resiste. Isso é o que a gente faz.". Essa frase, dita por um dos tantos personagens nessa fábula surrealista escrita e dirigida por Fernando Mamari, é um acalanto que vem da boca do povo. A arte só será disseminada se colocarmos as ferramentas nas mãos das crianças, da classe trabalhadora, do operariado, das pessoas que lutam nas ruas. Sejam elas os sem teto, os black bocs, os estudantes que lutam por uma causa, ou simplesmente artistas como o protagonista João (Marcel Giubilei). O cinema já nos trouxe uma centena de filmes que retratam a crise criativa de um artista de sucesso. Filmes como "8 1/2", de Fellini, ou pintores como Van Gogh e Caravaggio. Esse último inspirou a fotografia e a direção de arte de 'Delírius insurgentes". O filme é uma crítica à exposição midiática de um artista, que se perde na natureza de sua obra, ao se sentir exposto e cobrado. Por conta disso, ele entra em profundo stress e estava criativa. João passa a delirar com a sua musa inspiradora, com personagens que fazem parte de seu universo, com manifestantes black bocs e principalmente, o que o salva da loucura certa, a união com o povo. O seu ateli6e, um lugar confortável e que o blinda do mundo externo, de repente tem as suas portas abertas para a rua, permitindo que pessoas surjam por ela.
"Delírius insurgentes" é um filem hermético, experimental. É um pesadelo em forma de cinema que faz refletir. A produção é cem por cento independente, sem incentivos do governo. Tanto dentro como fora das telas, o filme somente foi possível pela união d euma força tarefa, um coletivo que acredita no espaço do artista. O curioso é que esse tema tão profundo antecipou a chegada do Governo do demsonte cultural que viria a seguir.

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