terça-feira, 10 de junho de 2025
Atriz milenar
"Sennen joyû", de Satoshi Kon e Kô Matsuo (2001)
Morto aos 46 anos de câncer de pâncreas, o cineasta japonês Satoshi Kon lapidou o seu nome no panteão do cinema de animação com apenas 4 longas, na ordem: "Perfect blue", "Atriz milenar", "Padrinhos de Tokyo" e "Paprika". É consenso que "Perfet blue" influenciou filmes como "Cisne negro", e "Paprika", influenciou "A origem", de Christopher Nolan, e são duas obras-primas. Eu só não havia assistido 'Atriz milenial", e fiquei encantado com a estupenda trilha sonora de Susumu Hirasawa. A edição e o roteiro, complexos e criativos, elegem a sétima arte como o grande tema do filme.
Genya Tachibana, um documentarista e Ida Kyoji o cinegrafista, conseguem uma entrevista com a reclusa atriz de cinema Chyoko Fujiwara, que decidiu parar de atuar há 30 anos. O filme faz parte da comemoracão dos 70 anos do estúdio onde Chyoko começou a trabalhar. O país está sendo atacado por fortes terremotos e a população está cautelosa. Chyoko mora em uma casa afastada, nas montanhas. Ela começa a contar a sua história, desde criança, o início como atriz, e principalmente, como, ainda antes de atuar, durante a guerra sino-japonesa, ela conheceu um artista e ativista contra a guerra, por quem se apaixonou. Ele deixou uma chave com ela, que guarda um segredo que ela precisa desvendar qual é.
O filme tem uma estrutura criativa e que pode confundir o espectador. Unindo memória, cenas dos filmes que a atriz interpretou em vida e a interferência lúdica da dupla de filmagem nessa memória, "Atriz milenar" prova que Satochi estava muito à frente de seu tempo, uma estrutura que Christopher Nolan depois ficaria famoso. Mesclando gêneros como drama, romance, filme de guerra, ficção científica, entre outros, a filmografia da personagem de Chyoko é um passeio pelo cinema popular. O final, confesso, me fez lembrar do desfecho de "Interstellar", com o amor atrevessando tempo e literalmente, o espaço.
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