quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
Fim de século
"Fin de siglo", de Lucio Castro (2018)
Belo drama LGBTQI+ argentino, totalmente rodado em Barcelona. A narrativa se passa em 3 tempos: passado/presente e futuro, na relação de Osho (Juan Barberini, ator argentino) e Javi (Ramon Pujol, ator espanhol). O filme é a estréia do roteirista e cineasta argentino Lucio Castro no longa-metragem, e aqui, ele faz uma homenagem ao cinema de Richard Linklater , a trilogia "Antes do amanhecer", e Alain Resnais, em 'Ano passado em Marienbad".
Osho é um fotógrafo argentino que mora em NY. Ele viaja a trabalho até Barcelona, e se instala em um apartamento de airbnb. Ao caminhar pela cidade, ele observa Javi, encantado com sua beleza. De sua bancada do apartamento, Osho vê Javi caminhando na rua e o convida para subir. Após conversas e bebidas, os dois acabam transando. Javi comenta com Osho que eles se conheceram há 20 anos atrás. O filme retorna no tempo, e mostra os 2 em Barcelona. Javi namora Sofia, uma cantora lírica, que é amiga de Osho. Quando os 2 rapazes se conhecem, se apaixonam e transam. Mas logo eles se separam, pois Osho não se sente pronto para revelar sua homossexualidade. O filme pula para o futuro, uma possibilidade do que poderia ter sido a vida dos dois, casados e com uma filha adotiva.
Lucio Castro conta a sua história de forma bastante contemplativa e lenta. Nos primeiros 20 minutos do filme, vemos Osho caminhando pela cidade, observando a paisagem, as pessoas. Tudo sem diálogos. O tempo é trabalhado também de forma diegética, e assim como Alain Resnais, o tempo se alterna sem aviso, deixando o espectador atônito: será real, será memória, será possibilidade? Mesmo truque usado no desfecho de “La la land”.
O filme ganhou diversos prêmios em Festivais Queer pelo mundo. Os dois atores possuem um lindo trabalho, defendendo com muito amor seus personagens, que são apaixonantes. É um filme romântico, com uma tinta autoral e experimental. A cena dos dois dançando ao som do clássico dos anos 80 “A flock of seagulls- Space age of love” é antológica: eles dançam ingenuamente, se divertindo, até que vem o primeiro beijo, os sorrisos, e depois outros beijos. Uma cena extremamente sensual, assim como as cenas de transa do casal, filmado com extrema elegância mas repleto de testosterona. Um filme para voyeurs apaixonados.
Crítica perfeita, além de esclarecedora para mim!
ResponderExcluirAcertei a maioria só a parte do futuro que errei , gostei muito
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