segunda-feira, 24 de abril de 2017
Joaquim
"Joaquim", de Marcelo Gomes (2017)
Todo mundo sabe que "Joaquim" foi o filme brasileiro que competiu no Festival de Berlin 2017. Todo mundo também sabe que o filme narra a trajetória de Joaquim José da Silva Xavier, dentista e alferes, a serviço do Governo de Portugal, tudo antes de ter se rebelado e se unido aos Inconfidentes em Minas Gerais. A história acontece no final do Sec XVIII, e já começa com a narração de José da Silva Xavier, Tiradentes, morto, dizendo que ele foi o único sacrificado, decapitado e esquartejado do grupo. Com esse grande lamento, e o peso de ter se tornado mártir, o filme começa. Mostra um homem comum, que é amante de uma escrava, cobiça o ouro dos garimpos e de certa forma, mau caráter. Mas tudo muda quando ele é sequestrado por escravos fugitivos de um quilombo e toma a dimensão da importância do engajamento contra a corrupção e a ladroagem. Não, o filme não se passa em pleno Sex XXI. Como falei, acontece no fim do Sec XVIII. Mas é justamente essa a proposta de Marcelo Gomes. Mostrar que o Brasil continua o mesmo, e é preciso que as minorias (negras, indígenas, o povo) se rebelem contra o sistemas corrupto que se instalou no Pais. Dando voz e corpo a Tiradentes, Julio Machado tem uma performance monstruosa, visceral. O roteiro tem um vocabulário adaptado aos dias de hoje, para não provocar estranhamento no espectador. Caralho, filho da puta, todos os palavrões modernos são ditos ad infinitum pelos personagens.
A fotografia de Pierre de Kerchove é linda, valorizando as paisagens deslumbrantes. O único senão é o ritmo extremamente lento do filme, que dificulta um melhor acompanhamento da história.
Olha, como estava na competição em Berlim, acho que dai sai coisa boa, se ainda estiver em cartaz aqui em São Paulo, eu vejo essa semana.
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